A esquerda “progressista” defende sempre as “minorias”,
certo? Também inclui nesse grupo, por algum motivo obscuro, os bandidos,
especialmente os jovens, vistos como “vítimas da sociedade”. Mas essas
bandeiras podem gerar uma tremenda confusão na cabeça de um esquerdista típico,
pois são muitas vezes contraditórias.
A feminista, por exemplo, deve elogiar os homens brancos
ocidentais, que tratam as mulheres com respeito, ou os muçulmanos, outra
“minoria” que não tem muito apreço pelo feminismo? Os homossexuais devem
defender os países capitalistas liberais, onde gozam de ampla liberdade, ou as
“minorias” africanas, que costumam vetar por lei o homossexualismo?
E como esses podemos pensar em vários outros casos. Mas um
episódio ocorrido na Inglaterra é particularmente cruel com os “progressistas”.
Ele, sozinho, é capaz de expor toda a hipocrisia da esquerda. Um adolescente
esfaqueou uma pessoa. Até aqui, os “progressistas” estão na linha do “vítima da
sociedade” e pregando que o ECA seja adotado na Inglaterra, para os ingleses
aprenderem como se trata uma pobre criança de 14 anos que meteu a faca na vítima
por falta de escola e oportunidade.
Mas aí começam os problemas. O garoto era aluno e a vítima
foi seu professor. Já cai por terra a primeira grande ladainha da esquerda. Mas
tem mais: o professor era negro, e o aluno teria cometido o crime por motivos
racistas. E agora, José? Professor, da “elite opressora”, negro, e marginal, o
“pobre sem oportunidades”, um estudante racista. Ainda querem aplicar o bondoso
ECA?
Outro problema para os “progressistas”, claro, é a arma do
crime: uma faca de cozinha. Esqueça o desarmamento, a desculpa de que “armas
matam”, em vez de pessoas. O moleque usou uma faca de cozinha para ferir com
risco de morte seu professor. A esquerda nada tem a dizer sobre isso, a menos
que queira defender o desarmamento das facas…
Mas calma, leitor, que a confusão mental da esquerda
continua: o professor, negro, também é cristão, e decidiu perdoar o delinquente
racista. Direito dele, como cristão, algo que a esquerda “tolerante” não
aceita, pois no fundo só quer perdoar bandidos das “minorias”, não os que
atacam as “minorias”: esses merecem a morte, de preferência pela guilhotina em
praça pública que é para dar o exemplo.
Só que, para fechar com chave de ouro, o professor, negro e
cristão, reconheceu que seu perdão pessoal era uma coisa, mas a lei era outra,
bem diferente, e que era importante o cumprimento da lei para passar a outros
jovens de perfis similares “uma forte mensagem” que a violência é inaceitável.
Ou seja, o homem pede a punição da lei para não incentivar novos crimes.
E agora, Maria? O que tirar disso tudo? O professor é da
“elite golpista opressora” ou membro das “minorias oprimidas”? O estudante
adolescente racista é “vítima da sociedade” ou um “marginal doente que merece a
forca”? Já vejo a cabecinha oca de muito esquerdista dando aquela mensagem das
planilhas de Excel: “referência circular”. Como desatar esse nó górdio, meus
caros “progressistas”?
PS: O adolescente passará seis anos em regime fechado em um
centro de recuperação de menores e os outros cinco sob vigilância em regime
aberto. Lembrando que a vítima sequer foi fatal. Alguém ainda fica espantado
com a criminalidade no Brasil, praticada de forma escancarada e ousada, pela
certeza da impunidade? Será que os “progressistas” brasileiros acham que temos
muito a ensinar aos “otários” ingleses sobre como tratar marginais?