terça-feira, 6 de março de 2012

O Implicante: A Classe Média que odeia a Classe Média

Como quase todo marxista, o odiador da classe média não leu Marx e, além disso, tem alguma grana (já que faz parte da classe média). Chegou a hora e a vez do INTELEQUITUÁU ACADÊMICO DO SALGUEIRO (ou DO TUCURUVI). Estuda, tal e coisa, mas nem tente ler sua (vamos dizer) “obra”. Parou de estudar no cursinho: tão logo chegou à faculdade, como se sabe, conseguiu tudo na camaradagem.

Assinava as listas de presença enquanto fazia farra no CA, e o mestrado foi porque era amigo do orientador (às vezes mais que um amigo…), e assim por diante. Com sorte, consegue passar em concurso para dar aula em universidade na casa do chapéu.

E a Loucademia de Odiadores defende cotas e Pró-Uni, mas depois tira sarro da baixa qualidade do ensino e da “indústria de diploma”. Também odeia best-sellers (Chalita, Coelho, Kamel) e desconfia de grandes intelectuais (cujos trabalhos pouco ou nada conhecem), então pauta-se em pensadores meia-boca, quase todos “blogueiros”.

Como não há lugar para esse tipo de pensador no mercado, correm ao magistério e, dali, praticam o exercício do ódio à classe média (ganhando salário de classe média, sempre garantido pela estabilidade de uma carreira modorrenta). Em alguns casos, quando se entregam de vez à derrota pessoal, partem para o concurso público: daí em diante, xingam com veemência a classe social que paga seu salário.

Não é raro, por exemplo, um Loucadêmico Intelecmobral, formado em curso X, prestar por necessidade alimentícia um concurso na carreira Y. A culpa, é claro, jamais será de sua falta de inteligência ou incapacidade para competir no mercado com pessoas melhores. O culpado é o mercado. O inferno são os outros.

Se não fossem geralmente feios e gordos, caberia a piada pronta da academia de ginástica. Nem pra isso servem. E, talvez também por isso, reclamam de quem é bonito. Porque beleza é coisa de classe média burguesa e colonizada pelos padrões do mercado. Sua repugnância física é menos um defeito e mais uma contestação ao sistema.

Viva a revolução estética! (o cecê vai de brinde)

Escolaridade, Orgulho e Preconceito



A classe média que odeia a classe média não aceita que se discuta a escolaridade de Lula. Ou melhor: a falta dela. Corrigindo: sua quase inexistência. Alegam que se trata de “preconceito”, quando na verdade não é nada disso. Preconceito é dizer que uma pessoa não teria capacidade de exercer uma tarefa por conta de algum fator que não influenciasse isso (ex.: cor da pele ou sexualidade).

Discutir a capacidade em razão do preparo escolar não é algo preconceituoso, mas sim a adoção de um critério objetivo – que pode ou não ser correto.

Desta feita, assinam longos arrazoados “provando por A + B” as virtudes do operário sem estudo, quase como se aplicassem à política o raciocínio do “bom selvagem”, de Rousseau. Mas não chegam a tanto. Apenas dizem algo como “o cabra é bão”, mesmo.

O melhor, sem dúvida, fica por conta da assinatura. Ao fim dos artigos, fazem questão de incluir suas titulações, não importa se são conseguidas na puxação se saco, camaradagem ou mesmo por meio de teses e/ou dissertações pra lá de risíveis.

Em síntese, fica algo assim: “é possível presidir a república sem qualquer título universitário, e quem diz isso sou eu, pois não escreveria este post no meu blog se não fosse professor doutor e livre-docente”.

Para eles, é mais importante ter formação acadêmica para escrever no tuíter ou debater num boteco. O país? Ah, ele que se lasque.

Apoio à Cultura? Nem pensar!



A classe média que odeia a classe média defende as leis de incentivo e é contra a classe média capitalista que não aceita o uso do dinheiro dos impostos para fomentar obras cinematográficas, fonográficas e congêneres. Uma briga e tanto.

E esses odiadores, ao mesmo tempo, não compram CDs nem DVDs, mesmo nacionais. Baixam tudo da Internet, ilegalmente – defendendo a prática. Assim como alguns fazem com maconha, cocaína e tributos, não esperam mudar a lei: cometem a ilegalidade sem esperar mudança legal (desculpa: a legislação é “atrasada”).

Mas odeiam a classe média que não aceita dinheiro público jogado nas mãos de produtores culturais – mesmo quando essa mesma classe média compra direitinho seus CDs e DVDs.

O pior de tudo é que quando começa a guerra contra a pirataria, sobra pros pobres, que não têm mesmo dinheiro – nem computador com conexão rápida -, e passam rapa nos camelôs. A classe média que odeia classe média está sempre protegida com seus downloads ilegais.

Posam como rebeldes com avatares de pirata, com tapa olho e a coisa toda. São os revolucionários trolha-na-furna, com dinheiro no bolso para comprar CD, e baixam de graça por pura safadeza.

Se apoiassem a cultura, pagariam. E sobretudo não entrariam como “VIP” ou “imprensa” em tudo que é show, até em casa noturna de pequeno porte.

A Falsa Erudição em ser “Do Contra” nas Unanimidades Óbvias



Esse fenômeno ocorre em basicamente TODOS os odiadores da classe média, servindo como forma de detectá-los sem que seja preciso suscitar o tema “classe média”.

Tentando arrotar erudição, mas nunca em temas efetivamente eruditos, eles gostam de “fugir do normal”, “sair do padrão”, “escapar da regra geral”, assim jamais cedendo às unanimidades, mesmo as óbvias. E isso vale até quando oferecem a opção de escolha entre duas hipóteses.

Se não entenderam, vamos aos casos.

Beatles ou Stones? The Who. John ou Paul? Harrison. Pelé ou Garrincha? Maradona. Entenderam o espírito? São sempre temas populares, no MÁXIMO algo como cinema, mas invariavelmente respostas CONTRA O CONSENSO. O melhor em Seinfeld? Kramer. E assim por diante.

No Santos de Pelé, havia também Pepe, Coutinho e muitos outros. Mas se quer mesmo descobrir um odiador da classe média, ele dirá: “o melhor era o Mengálvio!” (esse da foto, que até era bom, mesmo).

Religião e Ódio à Classe Média



Classe média que odeia classe média é quase sempre católica. Sim, sabemos, eles se dizem “ateus”, “agnósticos”, mas são católicos enrustidos. No início, inventaram aquele negócio de “não praticante”. Agora, a moda é o ateísmo, mas aquele ateísmo moreno e cheio de gingado, sem muito compromisso com a descrença – porque, no fim das contas, morrem de medo (e, quando apertados, confessam acreditar em coisas como astrologia ou até mesmo vida após a morte).

E são católicos.

Isso porque, apesar do ateísmo que arrotam nos botecos e do desprezo em meio às piadinhas, fazem questão de participar de todas as festas promovidas pela igreja, ou baseadas em suas tradições. De casamentos a quermesses, passando por batizados e toda sorte de efermérides ou feriados.

No bar, são ateus-trotskistas, odeiam a classe média. Mas trocam presentes no natal, o recém-nascido tem padrinho e madrinha e assim por diante. Porque, acima de tudo, são classe média. Está no sangue. E isso ninguém tira.

Natal



Esse feriado, claro, merece tópico próprio ao tratar do ateu de fim-de-semana. Pois, claro, ele adora um natal – e, também claro, é da classe média e odeia a classe média. Mas vamos nos ater ao espírito natalino e o quanto é repudiado, usando os motivos de sempre (os deles): capitalismo, consumo, falsidade (como no carnaval, dizem que o povo finge mentiras etc.) e assim por diante.

Então, eles odeiam o natal, certo? Errado.

Compram presente para todo mundo – fingindo que é uma obrigação, pois não dá para fugir disso, “sabe como é…” etc. etc. etc. E te mais: SE NÃO GANHAM PRESENTE ALGUM, FICAM PUTOS DA VIDA.

São ateus, mas com presente de natal não se brinca!

O resto é bebedeira. A revolução, como sempre, fica pro dia seguinte. Ou pro outro, porque a ressaca é braba.

Odeiam a Classe Média e AMAM a Globo



Claro que amam a Globo! Dizem que odeiam, tal e coisa, mas amam de paixão! E isso vai além das novelas do Manoel Carlos com sua mistura de Leblon e Bossa Nova. Gostam mesmo é dos jornalistas. Sim, daqueles que supostamente alegam odiar. A grande questão é o repórter, apresentador ou até mesmo “figura de escrivaninha” JÁ TER PASSADO PELA GLOBO.

Vejam o caso de Paulo Henrique Amorim. Era remunerado pela empresa de Roberto Marinho, em seguida foi para a BAND, onde trabalhava para a família Saad. Nos dois períodos, fazia do PT seu saco de pancadas favorito. Os odiadores da classe média tinham asco do dito cujo e sua voz anasalada. Depois, largou a grande imprensa e passou a defender o PT. Ganhou imediata simpatia. Amor. Paixão.

Isso vale também para Azenha, repórter um dia semi-desconhecido e hoje efetivamente no ostracismo. Saiu da Globo e se tornou herói dos odiadores da classe média, porque sabe cuspir de forma certeira no ex-patrão.

Os casos são muitos e essa equação também vale para Estadão, Folha, demais Jornalões, enfim, qualquer veículo da tal “Grande Mídia”. Aliás, quem fala “jornalão” ou “grande mídia” é evidentemente da classe média que odeia a classe média. Quando fala PIG, aí é apenas idiota.

Rede Record



Esse pessoal que finge odiar a Globo (embora a adore), tem atualmente uma nova empresa-modelo para dedicar seu amor e empregar sua fé (opa!) na hipótese de passar a emissora carioca: TV Record.

Geralmente os odiadores se consideram progressistas, mas como tratam o mundo como um ambiente de batalhas dicotômicas, acreditam que a emissora do bispo da universal é menos danosa ao país que a dos Marinho. Para eles, não importa se a “acionista” é a IURD, o importante é fazer a Globo perder audiência.

Cada nova contratação é comemorada com gritos, posts em blogs, tweets e (dizem os mais chegados) algumas cambalhotas. Nem que seja o Raul Gazzola. Já torceram muito pelo SBT, mas não deu em nada. Agora é a vez da força dizimista!

Sim, é aquela classe média que odeia classe média e geralmente declara desprezar deus, santos e religiões. Mas nessa hora nada precisa fazer sentido (não que em algum faça).

O mais impressionante: como boa parte da população, nenhum deles vê qualquer programa da TV Record. Na hora da novela das oito, é claro, estão ligados na Globo. O mesmo acontece no BBB. Porque são classe média, antes e acima de tudo.

Esse ódio é fachadinha.

O Jornalista Alternativo



Como já discutimos, jornalistas são o maior nicho de classe média a odiar a classe média. Desde as surras no colégio, seguindo para a perda das gostosas na faculdade, culminando para a época em que montam blogs e continuam como os eternos perdedores do mundo. Sempre odeiam, odeiam, odeiam.

Mas há algo pior: o jornalista alternativo, que se julga à margem de uma categoria já um bocado marginalizada. É mais ou menos como um “lixeiro do contra” ou um “mendigo que não se dá bem com o resto da categoria pedinte”. Claro que qualquer um, de fora, morre de rir. Mas eles se levam a sério – e isso só faz aumentar a graça da coisa.

A grande maioria passa anos e anos nos grandes veículos, xingando-os covardemente nos bares, depois de algumas doses. Quem faz isso? Ora, a classe média! Xingar o chefe é o esporte favorito de qualquer integrante da classe média. Nem juiz, em dia de clássico, ganha tantos palavrões. É esse, portanto, o “Jornalista Alternativo”. Desce o porrete na “grande mídia”, mas não tem colhão (eles escrevem “culhão”) para pedir as contas.

Às vezes são demitidos e aí repetem em blogs ou outros espaços aquilo que só se ouvia em botecos relativa e cuidadosamente sujos. Xingam a mídia má (que o sustentou por anos e da qual não se desligou por pura falta de hombridade). E xingam também a classe média que sustenta essa mesma mídia (e os sustentava durante todos esses anos).

A foto do início do texto serve para mostrar como eles se vêem, mas na verdade eles são como na imagem a seguir. E a moça bonita é aquela que vez por outra está por perto, ou para filar maconha ou simplesmente porque dá status estar por perto. Mas ele nunca vai comer. Assim como no colégio e na faculdade, ela prefere o bonitão ou o mais rico.



O Jornalista Alternativo não nasceu pra macho alfa. Daí talvez sua raiva mais furiosa, descontada um pouco no mundo, outro pouco na classe média, dando início aos vícios químicos disfarçados de “rebeldia”, mas que no fundo são puramente melancólicos.

São pessoas tristes, mas o humor involuntário sempre supera qualquer piedade. Caímos na gargalhada, portanto. Eles, sabendo disso, usam a agressividade como um escudo peculiar: preferem ser odiados a ser objeto de pena. Compreensível

Dórgas: Abracem a Lagoa e Corram da Lógica



São contra a legalização do tráfico, porque (segundo eles) os traficantes assim passariam a seqüestrar pessoas. Ou, por outra: são a favor da legalização e já fazem sua parte comprando tais produtos antes mesmo do procedimento ser legitimado. Há, ainda, os que são a favor da legalização de APENAS algumas drogas, como se coubesse ao Estado legislar sobre o grau de entorpecimento do indivíduo. Mais ou menos assim: pode beber cerveja, mas não pinga.

Lógica? Passou longe. Vamos adiante.

Os que são a favor e desde já consomem não gostam de ser vistos como criminosos. Os ladrões também não gostam de ser vistos como criminosos. Nem os sonegadores. Há um sujeito em Pernambuco, preso por três homicídios e réu confesso, que também odeia ser chamado de criminoso. É de fato intrigante a mente humana no que tange ao “ódio”.

Mas, vamos à realidade: não se pode descumprir uma lei pelo simples fato de que há o desejo de vê-la modificada. Vamos, por exemplo, à CLT. É visivelmente atrasada. Mas quem não cumpre é criminoso. O mesmo vale para quem não recolhe impostos. Nos dois casos, inclusive, o que se tem é uma bagunça de todo o mercado de trabalho.

Assim, comprar uma substância ilícita é a forma mais eficiente de fortalecer o comércio dessa mesma substância. É importantíssimo lutar pela mudança das leis e a ninguém pode ser negado esse direito, mas é ridículo também negar que comprar cocaína não sirva como a base mais clara de fortalecimento de seu traficante.

Se não é por meio do consumidor, como ele consegue dinheiro para aterrorizar cidades inteiras? Jogando no bingo? Depois não adianta abraçar a Lagoa Rodrigo de Freitas (foto) clamando pela paz, nem reclamar da capa da Veja, nem fazer passeatinha hipócrita.

E então chegamos aos que se consideram “moderados”, mas são apenas idiotas. Sob o pretexto de conseguir o que querem, usam um discurso mais ameno. Em termos lógicos, porém, são imbecis. A maconha é tão natural quanto a cocaína: ambas vêm de plantas. A heroína, aliás, também vem de uma planta, a papoula. Muitas das drogas atualmente liberadas, inclusive, são totalmente sintéticas (podem ser compradas nas farmácias com receitinha médica, sem grande burocracia).

Mas como a maconha é mais “fraca”, acham que não há problema em liberá-la. É um ponto? Sim, claro. Mas um ponto interessante em eventual “Encontro Anual dos Débeis Mentais”. Ou defendem que não cabe ao Estado interferir no direito ao entorpecimento, ou fechem a matraca e fim de papo.

Estipular uma graduação é como aceitar “meia ditadura”, “meio autoritarismo”. Um “só a cabecinha” na interferência do governo sobre o indivíduo.

Em suma: coisa de classe média.

Eles, fingindo-se relativamente favoráveis ou às vezes idiotamente contrários por motivos meio bestas, caem nas mais estapafúrdias contradições. E estão lá, abraçando a Lagoa, com roupinha branca, segurando flores, no maior papelão. Grande concentração de classe média que odeia a classe média.

Duro mesmo é quando começa a infelizmente infalível “Caminhando e Cantando”. Eis uma boa hora para entrar em discussão a Eutanásia.

A Manada



A classe média que odeia a classe média costuma fazer uma observação importante: as pessoas têm comportamento de manada. Basicamente, ocorre o seguinte: sem qualquer critério ou análise mais detida, seguem uma onda, um modismo, uma coisa qualquer. Pode ser desde uma religião até uma gíria de telenovela. Isso irrita demais os odiadores da classe média, e faz com que a raiva se acentue.

Eles, os que odeiam, não são assim.

Subscrevem abaixo-assinados sem conhecer profundamente as causas; soltam gritos de guerra sem qualquer análise do caso; aderem a manifestos por ‘osmose partidária’; criam grupos conforme orientação dos caciques das legendas que apóiam; republicam em blogs e demais espaços textos cujos teores não passam por qualquer questionamento.

Mas a manada, sem dúvida alguma, é a classe média lobotomizada pelos sistema capitalista. Os odiadores, politizados, escapam disso porque sabem questionar.

Muuuuuuuuuuuuuu!

***

Agradeço aos que tiveram saco para ler os dois capítulos dessa saga. Confesso, foi divertido traçar um perfil dessa turma que faz parte da classe média mas a odeia veementemente.

Como pré adolescentes que até o ano anterior abraçavam pais, mães e avós, mas agora fingem odiá-los para chamar atenção. A diferença é que este último grupo tende a amadurecer um dia.