quinta-feira, 27 de agosto de 2009

LINCOLN E LULA - GILBERTO GERALDO GARBI

A idéia de estabelecer paralelos entre o maior dos presidentes norte-americanos e nosso operário-presidente é tão antiga quanto o encerramento da contagem dos votos em outubro de 2002. Afinal, ambos foram homens do povo, pessoas de origem humilde que chegaram ao topo de seus respectivos países. Mas as semelhanças terminam aí, como é fácil mostrar...

A história de Lula todos conhecem: nascido em Garanhuns, Pernambuco, migrou de pau-de-arara para São Paulo, fez curso de torneiro no Senai, trabalhou algum tempo na Volkswagen de São Bernardo do Campo, tornou-se líder sindical, comandou greves, fundou um partido, perdeu três eleições presidenciais e, finalmente, na quarta, conseguiu eleger-se. Durante as três décadas que precederam sua chegada ao poder, dedicou-se exclusivamente à militância político-sindical, ostentando profundo desdém pela leitura e pelo estudo e declarando abertamente que não precisa ler porque aprende de ouvido. Também naquele período, fez amizades com ricos empresários, em especial os que fazem negócios com o Estado e ganham dinheiro por meio dos ideais que dizem abraçar. Conviveu intensamente com os chamados “intelectuais de esquerda”, aqueles que endeusam a miserável e cruel ditadura cubana, mas passam as férias em Paris. Nesses anos preparatórios, ele e seu grupo aprenderam a apreciar os prazeres que o luxo proporciona e nada representa melhor o quanto mudou o retirante-operário do que seu gesto de comemorar a vitória presidencial com a célebre garrafa de Romané Conti, de R$ 7.000,00.

No poder, caracterizou-se pela dissociação entre seus atos e palavras: renegou a essência do que pregara em campanha, manteve a política econômica do antecessor e, ao mesmo tempo em que dela colhia os frutos, vociferava contra a chamada “herança maldita”. Do Congresso comprou abertamente apoios através de cargos, privilégios, benesses e malas cheias de dinheiro. Da população inculta comprou votos através de bolsas-família, cotas raciais e outras medidas populistas. Estimulou a divisão entre pobres e ricos, entre o Sul e o Nordeste, entre empregados e patrões e entre as etnias que compõem o povo brasileiro. Aparelhou o Estado, inflando sua já inchada máquina, contratando 400 mil novos funcionários públicos federais e dando a eles aumentos bilionários, que sugam os recursos que faltam para os investimentos. Aumentou muito acima da inflação as despesas de custeio e, para sustentar sua estratégia de compra de apoios, elevou a carga tributária a 40% do PIB.

Não foi o inventor da corrupção brasileira, mas tornou-a endêmica e institucionalizou-a como instrumento de poder. Calou a imprensa por meio de verbas publicitárias ou de perseguições políticas e judiciais a órgãos e seus jornalistas e criou uma TV estatal povoada de esquerdistas para promover seu governo. Concedeu pensões e indenizações milionárias a esquerdistas supostamente vítimas de discutíveis perseguições políticas, muitos deles assassinos, assaltantes de banco, seqüestradores ou, simplesmente, companheiros a quem interessava privilegiar com dinheiro público. Permitiu que, todos os anos, bilhões de reais sejam desviados para ONGs controladas por grupos de esquerda ou, como no caso da ONG 13, de sua filha Lurian, simplesmente para enriquecer amigos e familiares.

Na política externa alinhou-se com o neocaudilhismo esquerdista da América Latina, inclusive com a narco-guerrilha colombiana das FARC, o que, aliás, era esperável de quem, ainda como eterno candidato, batera às portas do Carandiru para exigir de FHC a libertação dos seqüestradores de Abílio Diniz. Sempre que ele ou algum membro de seu grupo são apanhados cometendo delitos, mente com deslavado cinismo e vangloria-se de sua capacidade de ser uma “metamorfose ambulante”, falando a cada platéia aquilo que mais lhe convém. Como costuma acontecer com pessoas ignorantes bafejadas pelo sucesso, tornou-se presunçoso, arrogante e dono da verdade, manifestando-se a todo momento e sobre qualquer tema de forma verborrágica, vaidosa e autolaudatória. Suas freqüentes manifestações públicas são lastimáveis shows de vulgaridade e desrespeito à língua portuguesa.

Abraham Lincoln nasceu no dia 12 de fevereiro de 1809, em uma choupana feita de troncos de árvores, em um vilarejo perdido nos matos do Kentucky. Seu pai era um carpinteiro permanentemente assolado pela pobreza e sua mãe faleceu quando ele tinha 9 anos. Tendo o pai mudado várias vezes de cidade, freqüentou esporadicamente as péssimas escolas então existentes na região de fronteira e, somadas as semanas esparsas em que esteve em alguma sala de aula, não estudou formalmente por mais de um ano. Mas seu interesse em aprender levou-o a ler compulsivamente todos os livros que lhe caíam nas mãos e, assim, à luz de velas, em choupanas geladas nas noites de inverno, Lincoln estudava gramática, aritmética e os clássicos da língua inglesa. Ainda menino começou a trabalhar em atividades humildes como lenhador, balconista de armazém, responsável por uma serraria, ferroviário e agente de correio. Mas já nessa fase da juventude passou a distinguir-se pela capacidade de contar histórias, pela força de seu caráter, pela honestidade, pelo senso de justiça e pela sinceridade. O apego à verdade valeu-lhe o apelido pelo qual até hoje é lembrado: “Honest Abe”. Ao longo de todos esses anos jamais parou de estudar por conta própria, interessando-se em especial pelo Direito e pelas leis do país. Pela força exclusiva de sua reputação, inteligência e facilidade de argumentação, foi eleito deputado estadual em 1834. Em 1836, sem jamais ter feito um curso universitário, foi aprovado nos exames para o exercício da profissão de advogado, carreira na qual permaneceu até que a política o afastou dela.

De 1847 a 1849 ocupou uma cadeira no Congresso e ali ousou obedecer a sua consciência, manifestando-se contra a guerra de conquista que os EUA travavam contra o México. Mesmo perdendo popularidade em casa, ele jamais deixou de defender o que lhe parecia justo, tomando partido claro no tema que dividia a América de então – a escravidão, considerada por ele um mal e uma injustiça. Em 1856 concorreu ao senado e, na campanha, fez célebres discursos em que conclamava os americanos à união, alertando-os sobre as tragédias que adviriam dos embates pró e contra a escravidão. Embora não tenha sido eleito, a célebre frase que proferiu em Springfield ainda ecoa nos ouvidos americanos: “Uma casa dividida contra si mesma não consegue manter-se em pé”. Em 1860, por uma conjunção de fatores altamente improváveis, veio a ser indicado candidato a Presidente na convenção do Partido Republicano. Elegeu-se sem obter a maioria dos votos populares e sua posição anti-escravatura fez com que, no dia de sua posse, 7 Estados do Sul se declarassem fora da União. Lincoln condenou essa separação, prometeu fazer tudo a seu alcance para trazê-los de volta, mas afirmou que não usaria a força. O primeiro tiro partiu do Sul e Lincoln agiu com firmeza, determinado a manter a União a qualquer preço. Quem o conheceu de perto testemunhou a tristeza e dor que tomavam conta de seu coração enquanto soldados americanos dos dois lados tombavam em uma das maiores guerras do século XIX. Após vencer a batalha de Gettysburg, em 1863, onde 40 mil soldados perderam a vida, ali proferiu um dos mais belos e célebres discursos de todos os tempos, declarando que no local repousavam eternamente aqueles que morreram para que “o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desapareça da face da terra”.

O final todos sabem: Lincoln venceu a guerra, a União foi preservada, a escravatura foi abolida, ele foi assassinado por um fanático sulista e os Estados Unidos tornaram-se o mais poderoso país do mundo. Seu nome transformou-se em lenda e ele é o americano sobre quem mais se escreveu em todos os tempos. Episódios de sua vida, cartas e discursos são ensinados aos jovens nas escolas, como exemplos de humildade, honestidade, sabedoria, bondade e maestria no uso da língua inglesa. Ao reeleger-se, um ano antes do final da guerra, modestamente declarou que isso se dera porque o povo “preferira não trocar a parelha de cavalos enquanto a carroça ainda atravessava o rio”. Em seu segundo discurso de posse, diante da derrota iminente do Sul, Lincoln prometeu agir “sem malícia e com caridade para com todos”. Embora apiedado dos miseráveis, declarou que “não ajudarás os pobres combatendo os ricos”. Em meio às estafantes tarefas na Casa Branca durante a condução da guerra, ao saber de uma mãe que havia perdido 5 filhos em batalha, encontrou tempo para escrever-lhe de próprio punho uma carta que se imortalizou pela sensibilidade, concisão, estilo e perfeição no emprego do inglês:

“Prezada senhora Bixby
Foi-me mostrada nos arquivos do Departamento de Guerra uma declaração do General de Massachusetts de que a senhora é mãe de 5 filhos que morreram gloriosamente em campo de batalha. Eu sei o quanto devem ser fracas e infrutíferas quaisquer palavras minhas que tentem aliviar seu sofrimento por uma perda tão esmagadora. Mas eu não posso conter-me ao encaminhar-lhe a consolação que pode ser encontrada nos agradecimentos da República por cuja salvação eles morreram. Eu rezo para que o Pai Celestial possa aplacar a angústia de seu sofrimento e deixá-la apenas com as memórias queridas dos amados perdidos e o solene orgulho que deve ser o seu por haver depositado no altar da liberdade um sacrifício tão custoso.
Sincera e respeitosamente, A. Lincoln”.

Certa vez, após ouvir um presunçoso falastrão discorrer longamente sobre banalidades, disse: “De todas as pessoas que conheço, ele é capaz de comprimir a maior quantidade de palavras dentro da idéia mais insignificante”.

Quando lhe pediam sinecuras ou empregos públicos, costumava contar aquela que veio a ser conhecida como Lincoln’s Fable (A fábula de Lincoln): “Um rei decidiu sair para caçar, após ouvir de seus conselheiros que faria bom tempo. No caminho, o rei encontrou, montado em seu burrinho, um velho que o alertou sobre uma chuva próxima. Confiando em seus conselheiros, o rei seguiu em frente, mas a chuva realmente veio. Mandando questionar o ancião sobre como conseguira prever a chuva e seus conselheiros não, ouviu dele que quando as orelhas de seu burrinho ficavam em determinada posição era chuva na certa. Diante disso, o rei demitiu os conselheiros e colocou o burro em seu lugar. ‘Isso’, finalizava Lincoln, ‘foi um precedente terrível porque, a partir de então, qualquer burro acha que pode ser empregado público’ ” .

Ao morrer, Lincoln deixou um patrimônio material ínfimo e sua viúva padeceu bastante para manter a família com a pequena pensão que lhe era paga pelo governo.

Esse foi Lincoln, o estadista honrado, culto, generoso, afável, sincero, verdadeiro e honesto que os bajuladores oficiais querem equiparar a Lula, apesar das gritantes diferenças. Para tanto, a máquina publicitária do Planalto não pára de divulgar fotos, como a de Lula falando na Academia Brasileira de Letras (!?), diante de uma casa repleta de imortais boquiabertos, ou de nosso estadista-operário sendo homenageado pelo rei da Espanha, pelos relevantes serviços prestados à difusão da língua e da cultura espanhola.

Esse é o Brasil de sempre, tão bem caracterizado por Rui Barbosa em 1922, na Oração aos Moços:
“Haveis de conhecer, como eu conheço, países onde quanto menos* ciência se apurar, mais sábios florescem. ... Um homem (nessas terras de promissão) que nunca se mostrou lido ou sabido em coisa nenhuma, tido e havido é por corrente e moente no que quer que seja; ... e o povo subscreve a néscia atoarda. Financeiro, administrador, estadista, chefe de Estado, ou qualquer outro lugar de ingente situação e assustadoras responsabilidades, é ... fórmula viva a quaisquer dificuldades, chave de todos os enigmas. ... Ninguém vos saberá informar por quê. ... Não aprendeu nada, E SABE TUDO. LER, NÃO LEU. ESCREVER, NÃO ESCREVEU. RUMINAR, NÃO RUMINOU. PRODUZIR, NÃO PRODUZIU. É um improviso onisciente, o fenômeno de que poetava Dante: ‘In picciol tempo gran dottor se feo’ ”.

Podemos esperar, portanto, que em breve os livros didáticos passem a ensinar aos jovens os mais exemplares episódios da vida de Lula e que seus discursos sejam utilizados como paradigmas de produção e interpretação de textos. E, qual um Pedro I do século XXI, os livros de História se encarregarão de consagrar uma nova data de nossa Pátria: “O Dia do Sifu”.

* Ou seria “menas”?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A CAMINHO DOS 99,9999995% - GILBERTO GERALDO GARBI

Carta de Gilberto Geraldo Garbi para Lula

Há poucos dias, a imprensa anunciou amplamente que, segundo as últimas pesquisas de opinião, Lula bateu de novo seus recordes anteriores de popularidade e chegou a 84% de avaliação positiva. É, realmente, algo “nunca antes visto nesse país” e eu fiquei me perguntando o que poderemos esperar das próximas consultas populares.

Lembro-me de que quando Lula chegou aos 70% achei que ele jamais bateria Hitler, a quem, em seu auge, a cultíssima Alemanha chegara a conceder 82% de aprovação.

Mas eu estava enganado: nosso operário-presidente já deixou para trás o psicopata de bigodinho e hoje só deve estar perdendo para Fidel Castro e para aquele tiranete caricato da Coréia do Norte, cujo nome jamais me interessei em guardar. Mas Lula tem uma vantagem sobre os dois ditadores: aqui as pesquisas refletem verdadeiramente o que o povo pensa, enquanto em Cuba e na Coeria do Norte as pesquisas de opinião lembram o que se dizia dos plebiscitos portugueses durante a ditadura lusitana: SIM, Salazar fica; NÃO, Salazar não sai; brancos e nulos sendo contados a favor do governo…(Quem nunca ouviu falar em Salazar, por favor, pergunte a um parente com mais de 60).

Portanto, a popularidade de Lula ainda “tem espaço” para crescer, para empregar essa expressão surrada e pedante, mas adorada pelos economistas. E faltam apenas cerca de 16% para que Lula possa, com suas habituais presunção e imodéstia, anunciar ao mundo que obteve a unanimidade dos brasileiros em torno de seu nome, superando até Jesus Cristo ou outras celebridades menores que jamais conseguiram livrar-se de alguma oposição…

Sim, faltam apenas 16% mas eu tenho uma péssima notícia a dar a seu hipertrofiado ego: pode tirar o cavalinho da chuva, cumpanhero, porque de 99,9999995% você não passa.

Como você não é muito chegado em Aritmética, exceto nos cálculos rudimentares dos percentuais sobre os orçamentos dos ministérios que você entrega aos partidos que constituem sua base de sustentação no Congresso, explico melhor: o Brasil tem 200.000.000 de habitantes, um dos quais sou eu. Represento, portanto, 1 em 200.000.000, ou seja, 0,0000005% enquanto os demais brasileiros totalizam os restantes 99,9999995%. Esses, talvez, você possa conquistar, em todo ou em parte. Mas meus humildes 0,0000005% você jamais terá porque não há força neste ou em outros mundos, nem todo o dinheiro com que você tem comprado votos e apoios nos aterros sanitários da política brasileira, não há, repito, força capaz de mudar minha convicção de que você foi o pior dentre todos os presidentes que tive a infelicidade de ver comandando o Brasil em meus 65 anos de vida.

E minha convicção fundamenta-se em um fato simples: desde minha adolescência, quando comecei a me dar conta das desgraças brasileiras e a identificar suas causas, convenci-me de que na raiz de tudo está a mentalidade dominante no Brasil, essa mentalidade dos que valorizam a esperteza e o sucesso a qualquer custo; dos que detestam o trabalho e o estudo; dos que buscam o acesso ao patrimônio público para proveito pessoal; dos que almejam os cabides de emprego, as sinecuras e os cargos fantasmas; dos que criam infindáveis dinastias nepotistas nos órgãos públicos; dos que desprezam a justiça desde que a injustiça lhes seja vantajosa; dos que só reclamam dos privilégios por não estar incluídos entre os privilegiados; dos que enriquecem através dos negócios sujos com o Estado; dos que vendem seus votos por uma camiseta, um sanduíche ou, como agora, uma bolsa família; dos que são de tal forma ignorantes e alienados que se deixam iludir pelas prostitutas da política e beijam-lhes as mãos por receber de volta algumas migalhas do muito que lhes vem sendo roubado desde as origens dos tempos; dos que são incapazes de discernir, comover-se e indignar-se diante de infâmias.

Antes e depois de mim, muitos outros brasileiros, incomparavelmente melhores e mais lúcidos, chegaram à mesma conclusão e, embora sejamos minoria, sinto-me feliz e honrado por estar ao lado de Rui Barbosa. Já ouviu falar nele? Como você nunca lê, eu quase iria sugerir-lhe que pedisse a algum de seus incontáveis assessores que lhe falasse alguma coisa sobre a Oração aos Moços… Mas, esqueça… Se você souber o que ele, em 1922, disse de políticos como você e dos que fazem parte de sua base de sustentação, terá azia até o final da vida.

Pense a maioria o que quiser, diga a maioria o que disser, não mudarei minha convicção de que este País só deixará de ser o que é – uma terra onde as riquezas produzidas pelo suor da parte honesta e trabalhadora é saqueada pelos parasitas do Estado e pelos ladrões privados eternamente impunes – quando a mentalidade da população e de seus representantes for profundamente mudada.

Mudada pela educação, pela perseverança, pela punição aos maus, pela recompensa aos bons, pelo exemplo dos governantes. E você Lula, teve uma oportunidade única de dar início à mudança dessa mentalidade, embalado que estava com uma vitória popular que poderia fazer com que o Congresso se curvasse diante de sua autoridade moral, se você a tivesse.

Você teve a oportunidade de tornar-se nossa tão esperada âncora moral, esta sim, nunca antes vista nesse País.

Mas não, você preferiu o caminho mais fácil e batido das práticas populistas e coronelistas de sempre, da compra de tudo e de todos.

Infelizmente para o Brasil, mas felizmente para os objetivos pessoais seus e de seu grupo, você estava certo: para que se esforçar, escorado apenas em princípios de decência, se muito mais rápido e eficiente é comprar o que for necessário, nessa terra onde quase tudo está à venda?

Eu não o considero inteligente, no nobre sentido da palavra, porque uma pessoa verdadeiramente inteligente, depois de chegar aonde você chegou, partindo de onde você partiu, não chafurdaria nesse lamaçal em que você e sua malta alegremente surfam, nem se entregaria a seu permanente êxtase de vaidade e autoidolatria.

Mas reconheço em você uma esperteza excepcional: nunca antes nesse País um presidente explorou tão bem, em proveito próprio e de seu bando, as piores qualidades da massa brasileira e de seus representantes.

Esse é seu legado maior, e de longa duração: o de haver escancarado a lúgubre realidade de que o Brasil continua o mesmo que Darwin encontrou quando passou por essas plagas em 1832 e anotou em seu diário: “Aqui todos são subornáveis”.

Você destruiu as ilusões de quem achava que havíamos evoluído em nossa mentalidade e matou as esperanças dos que ainda acreditavam poder ver um Brasil decente antes de morrer.

Você não inventou a corrupção brasileira, mas fez dela um maquiavélico instrumento de poder, tornando-ageneralizada e fazendo-a permear até os últimos níveis da Administração. O Brasil, sob você, vive um quadro que em medicina se chamaria de septicemia corruptiva.

Peça ao Marco Aurélio para lhe explicar o que é isso.

Você é o sonho de consumo da banda podre desse País, o exemplo que os funcionários corruptos do Brasil sempre esperaram para poder dar, sem temores, plena vazão a seus instintos.

Você faz da mentira e da demagogia seu principal veículo de comunicação com a massa.

A propósito, o que é que você sente, todos os dias, ao olhar-se no espelho e lembrar-se do que diz nos palanques?

Você sente orgulho em subestimar a inteligência da maioria e ver que vale a pena?

Você mentiu quando disse haver recebido como herança maldita a política econômica de seu antecessor, a mesma política que você manteve integralmente e que fez a economia brasileira prosperar.

Você mentiu ao dizer que não sabia do Mensalão

Mentiu quando disse que seu filho enriqueceu através do trabalho

Mentiu sobre os milhões que a Ong 13, de sua filha, recebeu sem prestar contas

Mentiu ao afastar Dirceu, Palocci, Gushiken e outros cumpanheros pegos em flagrante

Mente quando, para cada platéia, fala coisas diferentes, escolhidas sob medida para agradá-las

Mentiu, mente e mentirá em qualquer situação que lhe convenha.

Por falar em Ongs, você comprou a esquerda festiva, aquela que odeia o trabalho e vive do trabalho de outros, dando-lhe bilhões de reais através de Ongs que nada fazem, a não ser refestelar-se em dinheiro público, viajar, acampar, discursar contra os exploradores do povo e desperdiçar os recursos que tanta falta fazem aos hospitais.

Você não moveu uma palha, em seis anos de presidência, para modificar as leis odiosas que protegem criminosos de todos os tipos neste País sedento de Justiça e encharcado pelas lágrimas dos familiares de tantas vítimas.

Jamais sua base no Congresso preocupou-se em fechar ao menos as mais gritantes brechas legais pelas quais os criminosos endinheirados conseguem sempre permanecer impunes, rindo-se de todos nós.

Ao contrário, o Supremo, onde você tem grande influência, por haver indicado um bom número de Ministros, acaba de julgar que mesmo os condenados em segunda instância podem permanecer em liberdade, até que todas as apelações, recursos e embargos sejam julgados, o que, no Brasil, leva décadas.

Isso significa, em poucas palavras, que os criminosos com dinheiro suficiente para pagar os famosos e caros criminalistas brasileiros podem dormir sossegados, porque jamais irão para a cadeia.

Estivesse o Supremo julgando algo que interessasse a seu grupo ou a suas inclinações ideológicas, certamente você teria se empenhado de corpo e alma.

Aliás, Lula, você nunca teve ideais, apenas ambições.

Você jamais foi inspirado por qualquer anseio de Justiça. Todas as suas ações, ao longo da vida, foram motivadas por rancores, invejas, sede pessoal de poder e irrefreável necessidade de ser adorado e ter seu ego adulado.

Seu desprezo por aquilo que as pessoas honradas consideram Justiça manifesta-se o tempo todo: quando você celeremente despachou para Cuba alguns pobres desertores que aqui buscavam a liberdade; quando você deu asilo a assassinos terroristas da esquerda radical; quando você se aliou à escória do Congresso, aquela mesma contra quem você vociferava no passado; quando concedeu aumentos nababescos a categorias de funcionários públicos já regiamente pagos, às custas dos impostos arrancados do couro de quem trabalha arduamente e ganha pouco; quando você aumentou abusivamente as despesas de custeio, sabendo que pouquíssimo da arrecadação sobraria para os investimentos de que tanto carece a população; quando você despreza o mérito e privilegia o compadrio e o populismo; e vai por aí…. Justiça, ora a Justiça, é o que você pensa…

Você tem dividido a nação, jogando regiões contra regiões, classes contra classes e raças contra raças, para tirar proveito das desavenças que fomenta. Aliás, se você estivesse realmente interessado, como deveria, em dar aos pobres, negros e outros excluídos as mesmas oportunidades que têm os filhos dos ricos, teria se empenhado a fundo na melhoria da saúde e do ensino públicos.

Mas você, no íntimo, despreza o ensino, a educação e a cultura, porque conseguiu tudo o que queria, mesmo sendo inculto e vulgar. Além disso, melhorar a educação toma um tempo enorme e dá muito trabalho, não é mesmo?

E se há coisa que você e o Partido dos Trabalhadores definitivamente detestam é o trabalho: então, muito mais fácil é o atalho das cotas, mesmo que elas criem hostilidades entres as cores, que seus critérios sejam burlados o tempo todo e que filhos de negros milionários possam valer-se delas.

A Imprensa faz-lhe pouca oposição porque você a calou, manipulando as verbas publicitárias, pressionando-a economicamente e perseguindo jornalistas.

O que houve entre o BNDES e as redes de televisão?

O que você mandou fazer a Arnaldo Jabor, a Boris Casoy, a Salete Lemos?

Essa técnica de comprar ou perseguir é muito eficaz. Pablo Escobar usou-a com muito sucesso na Colômbia, quando dava a seus eventuais opositores as opções: “O plata, o plomo”. Peça ao Marco Aurélio para traduzir. Ele fala bem o Espanhol.

Você pode desdenhar tudo aquilo que aqui foi dito, como desdenha a todos que não o bajulem. Afinal, se você não é o maior estadista do planeta, se seu governo não é maravilhoso, como explicar tamanha popularidade? É fácil: políticos, sindicatos, imprensa, ONGs, movimentos sociais, funcionários públicos, miseráveis, você comprou com dinheiro, bolsas, cotas, cargos e medidas demagógicas.

Muita gente que trabalha, mas desconhece o que se passa nas entranhas de seu governo, satisfez-se com o pouco mais de dinheiro que passou a ganhar, em consequência do modesto crescimento econômico que foi plantado anteriormente, mas que caiu em seu colo.

Tudo, então, pode se resumir ao dinheiro e grande parte da população parece estar disposta a ignorar os princípios da honradez e da honestidade e a relevar as mentiras, a corrupção, os desperdícios, os abusos e as injustiças que marcam seu governo em troca do prato de lentilhas da melhoria econômica.

É esse, em síntese, o triste retrato do Brasil de hoje…

E, como se diz na França, “l´argent n´est tout que dans les siècles où les hommes ne sont rien”.

Você não entendeu, não é mesmo? Então pergunte à Marta. Ela adora Paris e há um bom tempo estamos sustentando seu gigolô franco-argentino…

Gilberto Geraldo Garbi

16/02/2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

29 SENADORES=75 PROCESSOS

Cícero Lucena (PSDB/PB)
STF Ação Penal Nº493/2008 - Crime da lei de licitações; reautuação do Inquérito Nº2535/2007. Cícero Lucena é acusado de desvio de verbas públicas e fraudes em licitações referentes a convênios firmados entre a prefeitura de João Pessoa e o Governo Federal.
STF Inquérito Nº2527/2007 - Denúncia por crime contra a lei de licitações e formação de quadrilha. Cícero Lucena é acusado de integrar uma organização criminosa que teria desviado recursos públicos por meio de fraudes em licitações e contratos.
TRF 5ª Região Agravo de Instrumento Nº2008.05.00.079541-1 - Referente a medida cautelar (TRF 5ª Região 2ª Vara Federal da Paraíba - Processo Nº2007.82.00.008479-0) vinculada a ação civil pública (Processo Nº2005.82.00.014845-0) por improbidade administrativa, que tramita em primeira instância.
TRF 5ª Região Agravo de Instrumento Nº2008.05.00.028274-2 - Referente a ação civil pública (TRF 5ª Região 3ª Vara Federal da Paraíba - Processo Nº2007.82.00.007298-2) por improbidade administrativa, que tramita em primeira instância.
TRF 5ª Região Agravo de Instrumento Nº2007.05.00.089446-9 - Referente a medida cautelar (TRF 5ª Região 2ª Vara Federal da Paraíba - Processo Nº2007.82.00.008133-8) vinculada a ação civil pública (Processo Nº2007.82.00.007302-0) por improbidade administrativa, que tramita em primeira instância.
TRF 5ª Região Agravo de Instrumento Nº2007.05.00.089169-9 - Referente a medida cautelar (TRF 5ª Região 2ª Vara Federal da Paraíba - Processo Nº2007.82.00.008605-1) vinculada a ação civil pública (Processo Nº2007.82.00.007295-7) por improbidade administrativa, que tramita em primeira instância.
TRF 5ª Região Agravo de Instrumento Nº2007.05.00.089162-6 - Referente a medida cautelar (TRF 5ª Região 2ª Vara Federal da Paraíba - Processo Nº2007.82.00.008606-3) vinculada a ação civil pública (Processo Nº2007.82.00.007296-9) por improbidade administrativa, que tramita em primeira instância.
TRE-PB Prestação de Contas Nº1617/2006 - Rejeitada por unanimidade a prestação de contas de sua campanha em 2006. O TSE manteve a decisão ao julgar o Agravo de Instrumento Nº8624/2007.
TCU Acórdão Nº1064/2007 - Manteve decisão anterior (Acórdão Nº1865/2004) que o condenou a multa de R$ 20.000,00 por irregularidades em convênios com a Embratur, o Ministério da Integração Nacional e com o Fundo Nacional de Saúde (FUNASA) quando era prefeito de João Pessoa. Essa posição do Tribunal foi novamente confirmada pelo Acórdão Nº1586/2008.
TCU Acórdão Nº1063/2007 - Reduziu para R$ 10.000,00 a multa definida em decisão anterior (Acórdão Nº1683/2004) por irregularidades em convênios com a Embratur e a Caixa Econômica Federal quando era prefeito de João Pessoa - contrato vencido, edital de licitação vago, prorrogações e sub-rogação de contratos.

Eduardo Azeredo (PSDB/MG)
STF Inquérito Nº2280/2005 - Consta como denunciado em inquérito que investiga o uso de caixa 2 durante as eleições de 1998, caso conhecido como "mensalão tucano".

Epitácio Cafeteira (PTB/MA)
TRE-MA Representação Nº4551/2006 - Irregularidades em captação e gastos de recursos de campanha.

Expedito Júnior (PR/RO)
TSE Recurso Contra Expedição de Diploma Nº754/2007 - Compra de votos; abuso de poder econômico, corrupção ou fraude.
TSE Recurso Ordinário Nº2098/2008 - Desprovido. Recorria contra decisão que julgou procedente representação (TRE-RO Processo Nº3329/2006, movido por Acir Marcos Gurgacz, segundo colocado para o cargo de senador em 2006) por compra de votos e abuso de poder econômico, cassando seu mandato de senador. Expedito foi acusado de oferecer vantagem financeira a empregados da empresa Rocha Segurança e Vigilância Ltda.
TSE Recurso Ordinário Nº2295/2008 - Recorre contra decisão que julgou parcialmente procedente representação (TRE-RO Processo Nº3332/2006, movido pelo Ministério Público Eleitoral) por captação ilícita de sufrágio e abuso de poder econômico, cassando seu mandato de senador. Expedito foi acusado de oferecer vantagem financeira a empregados da empresa Rocha Segurança e Vigilância Ltda.
TSE Recurso Ordinário Nº1451/2007 - Recorre contra a cassação de seu mandato por abuso de poder econômico e político e captação ilícita de sufrágio (TRE-RO Ação de Impugnação de Mandato Eletivo Nº2/2006, movida por Acir Marcos Gurgacz, segundo colocado para o cargo de senador em 2006).

Fátima Cleide (PT/RO)
TRE-RO Representação Nº2625/2006 - Multada em R$ 5.320,50 por conduta vedada a agente público, em representação proposta pela coligação "O Trabalho Continua", em virtude de haver realizado uma reunião de campanha no plenário da Câmara Municipal de Alvorada do Oeste.

Fernando Collor (PTB/AL)
STF Ação Penal Nº451/2007 - Falta de recolhimento de imposto de renda.
STF Ação Penal Nº465/2008 - Falsidade ideológica, peculato, corrupção passiva, tráfico de influência e corrupção ativa.

Garibaldi Alves Filho (PMDB/RN)
TJ-RN Comarca de Natal Improbidade Administrativa Nº001.02.014007-0 - É processado em ação civil pública movida pelo Ministério Público.

Gim Argello (PTB/DF)
STF Inquérito Nº2724/2008 - Apropriação indébita, peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro (sob segredo de Justiça).
TC-DF Processo Nº1917/2003 - Multado em R$ 29.000,00 em virtude de indícios de antieconomicidade em contrato para locação de equipamentos de informática, firmado pela Câmara Legislativa em 2002, quando era presidente da Casa.

Inácio Arruda (PC do B/CE)
TRE-CE Representação Nº11002/2007 - Captação ilícita de sufrágio; distribuição de bens e dinheiro em troca de votos.

Jayme Campos (DEM/MT)
STF Ação Penal Nº460/2007 - Uso de documento falso.
STF Inquérito Nº2606/2007 - Peculato; crime contra a lei de licitações.
STF Recurso Extraordinário Nº227128/1998 - Recurso contra decisão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso que condenou o ex-governador por gastos irregulares com publicidade; o seguimento do recurso foi negado.
TCU Acórdão Nº2276/2007 - Prestação de contas desaprovada. Foram encontradas irregularidades na aplicação de recursos de convênio celebrado entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a Prefeitura de Várzea Grande, referente ao período em que exerceu o mandato de prefeito. Foi-lhe imputado o débito de R$ 163.800,00 e multa de R$ 30.000,00

João Ribeiro (PR/TO)
STF Ação Penal Nº399/2005 - Crime contra a administração pública - peculato.
STF Inquérito Nº2274/2005 - Crime contra a ordem tributária.
STF Inquérito Nº2131/2004 - Crime contra a liberdade pessoal - redução à condição análoga à de escravo.

João Vicente Claudino (PTB/PI)
TSE Recurso Especial Eleitoral Nº28127/2007 - Compra de votos, abuso de poder político, abuso de poder econômico, uso indevido de meio de comunicação.
TRE-PI Representação Nº1035/2006 - Compra de votos.

Kátia Abreu (DEM/TO)
TRF-1 Agravo de Instrumento Nº2006.01.00.032078-7 e TRF-1 Apelação Cível Nº1999.43.00.001916-6 - Ambas são referentes a ação civil pública (TRF-1 Seção Judiciária do Tocantins Ação Civil Pública Nº1999.43.00.001916-6) movida pelo Ministério Público por danos ao meio ambiente.

Leomar Quintanilha (PMDB/TO)
STF Inquérito Nº2274/2005 - Sob segredo de Justiça.

Lobão Filho (PMDB/MA)
STF Ação Penal Nº496/2008 - Crime contra as telecomunicações.
STF Inquérito Nº2768/2008 - Formação de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documento falso e crimes contra a ordem tributária; investigação sigilosa.

Lúcia Vânia (PSDB/GO)
STF Inquérito Nº2099/2004 - Crime contra a administração pública; peculato.
TSE Recurso Especial Eleitoral Nº21033/2002 - Mantida decisão que julgou irregular a prestação de contas de sua campanha em 2000.

Mão Santa (PMDB/PI)
STF Inquérito Nº2449/2006 - Peculato.

Marconi Perillo (PSDB/GO)
STF Inquérito Nº2504/2007 - Irregularidade em licitação pública.
STF Inquérito Nº2481/2007 - Crime contra a administração pública - corrupção ativa e passiva.
TRE-GO Representação Nº1434/2006 - Irregularidades em captação e gastos de recursos de campanha.
TRE-GO Representação Nº1298/2006 - Movida pelo Ministério Público Eleitoral, com base na acusação de conduta vedada a agente público, por meio do uso de servidores públicos da Secretaria Estadual de Educação em campanha eleitoral; tramita em conjunto com a Representação Nº1267/2006.

Maria do Carmo Alves (DEM/SE)
TRE-SE Representação Nº854/2006 - Representação eleitoral por suposta irregularidade na arrecadação de recursos e gastos de campanha nas eleições de 2006.

Mauro Fecury (PMDB/MA)
TRF-1 Agravo de Instrumento Nº2009.01.00.017861-0 e Nº2006.01.00.031782-0 - Referentes a TRF-1 Seção Judiciária do Maranhão Ação Civil Pública (Nº2006.37.00.002940-5) ajuizada pelo Ministério Público por danos ao patrimônio histórico. Esta deu início ao TRF-1 Seção Judiciária do Maranhão Cumprimento Provisório de Sentença (Nº2009.37.00.000878-0).
TRF-1 Seção Judiciária do Maranhão Execução Fiscal Nº2008.37.00.001707-2 - É processado em ação ajuizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social.
TJ-MA Comarca de São Luís - É processado em ação de Execução Fiscal Nº39462009, 191852006, 118242007 movido pelo município de São Luís.

Mozarildo Cavalcanti (PTB/RR)
STF Inquérito 2595/2007 - Contrabando ou descaminho.
TSE Recurso Contra Expedição de Diploma Nº778/2007 - Compra de votos, abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação.
TRE-RR Recurso Contra Expedição de Diploma Nº9/2006 - Interposto pelo PMBD, contra a diplomação do senador.
TRE-RR Recurso Contra Expedição de Diploma Nº9/2006 - Interposto pelo PMDB.
TRE-RR Ação de Investigação Judicial Eleitoral Nº45/2006 - Compra de votos.

Neuto De Conto (PMDB/SC)
STF Inquérito Nº2501/2007 - Por crime contra o sistema financeiro nacional.

Renan Calheiros (PMDB/AL)
STF Inquérito Nº2593/2007 - Consta como indiciado em inquérito movido pelo Procurador Geral da República.

Renato Casagrande (PSB/ES)
TCE-ES Acórdão Nº529/2004 - Manteve decisou anterior (TCE-ES Acórdão Nº170/2000) que condenou Renato Casagrande, como responsável pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola do Espírito Santo (CIDA), a pagar multa de 1.000 UFIRs e a ressarcir aos cofres públicos estaduais o montante de R$ 6.258,22 em virtude de despesas irregulares.

Roberto Cavalcanti (PRB/PB)
STF Inquérito Nº2817/2009 - Por suposta corrupção ativa.
STF Inquérito Nº2818/2009 - Por suposta corrupção ativa.
TRF-5 Seção Judiciária da Paraíba Ação Penal Nº2004.82.00.011774-5 - Por apropriação indébita previdenciária, crimes contra o patrimônio e crimes contra o sistema financeiro nacional.
STJ Habeas Corpus Nº93002 - Concedido para anular as imputações de estelionato e formação de quadrilha feitas pelo Ministério Público Federal no processo TRF 5ª Região 3ª Vara Federal da Paraíba - Ação Penal Nº200482000123101, que tramita em primeira instância. Com essa decisão, permaneceu somente a acusação de corrupção passiva contra Cavalcanti.
TRF 5ª Região Agravo de Instrumento Nº2009.05.00.000080-7 - Referente a execução fiscal de dívida de contribuição previdenciária (TRF 5ª Região 5ª Vara Federal da Paraíba - Processo Nº200582000045751) que tramita em primeira instância; Cavalcanti é executado com a empresa Transformadora Industrial de Plásticos Ltda.
TRF 5ª Região Agravo de Instrumento Nº2009.05.00.000079-0 - Referente a execução fiscal de dívida de contribuição previdenciária (TRF 5ª Região 5ª Vara Federal da Paraíba - Processo Nº9700112284) que tramita em primeira instância; Cavalcanti é executado com a empresa Transformadora Industrial de Plásticos Ltda.
TRF 5ª Região Agravo de Instrumento Nº2008.05.00.073235-8 - O Tribunal reformou decisão que havia excluído Roberto Cavalcanti de execução fiscal de dívida de contribuição previdenciária (TRF 5ª Região 5ª Vara Federal da Paraíba - Processo Nº9500093790) que tramita em primeira instância; Cavalcanti é executado com a empresa Transformadora Industrial de Plásticos Ltda.
TRF 5ª Região Agravo de Instrumento Nº2007.05.00.104221-7 - Referente a execução fiscal de dívida de contribuição previdenciária (TRF 5ª Região 5ª Vara Federal da Paraíba - Processo Nº9700059375) que tramita em primeira instância; Cavalcanti é executado com a empresa Transformadora Industrial de Plásticos Ltda.

Romero Jucá (PMDB/RR)
STF Inquérito Nº2663/2007 - Captação ilícita de votos e corrupção eleitoral.
STF Inquérito Nº2116/2004 - Desvio de verbas públicas praticado por prefeito.

Rosalba Ciarlini (DEM/RN)
STF Inquérito Nº2646 - Crime de responsabilidade quando prefeita de Mossoró.

Valdir Raupp (PMDB/RO)
STF Ação Penal Nº383/2004 - Gestão fraudulenta de instituição financeira.
STF Ação Penal Nº358/2003 - Crime contra a administração pública; peculato.
STF Inquérito Nº2442/2006 - Crime contra a administração pública - desvio de verbas em obras.
STF Inquérito Nº2027/2003 - Crime contra o sistema financeiro nacional.
STF Inquérito Nº1990/2003 - Crime eleitoral, uso de documento falso. Sigiloso.

Wellington Salgado de Oliveira (PMDB/MG)
STF Inquérito Nº2628/2007 - Crime contra a ordem tributária; apropriação indébita previdenciária referente a imposto de renda de pessoa física. Corre sob segredo de justiça.
STF Inquérito Nº2364/2007 - Crime contra a ordem tributária; apropriação indébita previdenciária referente a imposto de renda de pessoa física.
Devedores do INSS - A Associação Salgado de Oliveira de Educação deve R$ 37.436.817,36 ao INSS.
STJ Agravo Nº1100575/2008 - Recorre de decisão desfavorável referente à Execução Fiscal Nº88.0034332-5, que corre na 5ª Vara Federal de Niterói.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

MILLÔR FERNANDES - RETRATO EM 3x4 DE ALGUNS AMIGOS 6x9: RAUL SOLNADO

Luar surgindo a oeste no primeiro nome, sol a leste, no segundo, Raul tem 24 horas no onomástico. Nasceu num tempo em que tudo era ao vivo, mas, atento à tecnologia, fez-se logo carbono do ridículo, depois xerox do desprezível, afinal fax do presunçoso – e já tem para a holografia alguns truques humorísticos na manga. Lhe ensinaram que a vida é curta, por si mesmo percebeu que a vida é perto. E quando aprendeu que a vida é transmissível por via sexual sentiu logo enorme sentimento de culpa por seus gozos. Mas, com filhos em dois continentes, condena a incontinência. Feminista, finge de machão, na esperança de ser catequizado. Pra ele, homem e mulher continuam a ser círculos concêntricos num momento de tantos círculos excêntricos. Pois o homem pode ser o lobo do homem mas é, definitivamente, o poodle toy da mulher.

Generoso nato, nasceu mignon como solução para o problema demográfico – se todos fossem assim, caberia mais gente no mundo. Mas lembra que, com o mesmo material, Deus poderia fazer um homem bem melhor, aqui assim, nos ombros. Nasceu em Lisboa e, sem sair de Lisboa, vive hoje em Lismelhor. Português desde sempre, aceita o fado, mas nem tanto o destino. E depois de tudo o que aconteceu em Portugal ficou tão antimilitarista que não topa nem conversas generalizadas. Prudente, quando entra em enrascada o primeiro que faz é perguntar onde fica a saída. Gosta de ser considerado impagável, mas nunca na bilheteria. Tem extraordinária expressão corporal, toda no espírito. Decidido, quando vê uma bifurcação imediatamente segue os dois caminhos. Mas nunca foi sem voltar, daí o segredo de estar sempre. Menino-prodígio, aproveitou essa dádiva e reservou uns dias de infância para os anos de hoje. Ri pouco, faz rir muito, fala envolto num crepom de malícia, e todo o seu humor é anfiguri. Dentro de sua alma vibram jograis, saltam andarilhos, vivem polichinelos, cantam bufões, se escondem saltimbancos, bobos, truões, entremezistas, patuscos e pelotiqueiros, todos os palhaços do rei – de cuja sabedoria ele se apropriou pra ser o rei dos palhaços. Pois, pra ele, fazer rir é fácil – escapar com vida é que são elas. Acha que o teatro e a televisão se incompletam e o teatro é melhor, pois ninguém tem a coragem de desligá-lo no meio da piada. Acredita que o humor desarma o espírito, mas não tanto que possa desarmar Saddam Hussein.

Mas, depois de 100 milhões de Homo faber, 10 milhões de Homo sapiens, está certo de que, se o mundo não estourar no Golfo, chegou enfim nossa hora, a hora do Homo ludens.

Uma frase perdida: "A vida é sempre em volta". A pergunta metafísica: "Que fazer do homem que não gasta o destino?". Uma dúvida de fé: "Se Deus existe, por que nunca veio ver um meu espetáculo?". Epitáfio proposto: "Agora já é tarde".

E aí está o Raul feito e medido. Do Solnado eu nem falo.

Escrito em 30/6/84

P.S.: Raul foi meu amigo a vida inteira. A dele. Traidor, continuo na minha.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

IGREJA UNIVERSAL: COMO PAGAR SEU DÍZIMO

EMPRESÁRIOS
O dízimo dos empresários não é calculado como o dos funcionários; é bem diferente e algumas considerações devem ser ponderadas, a fim de evitar erros e, conseqüentemente, futuros problemas de ordem financeira à empresa.

Para chegarmos ao valor correto do dízimo do empresário é necessário fazer a equação (E-D)x10% = dízimo. Sendo: E = entrada de receitas (vendas ou serviços) e D = despesas da empresa (impostos, aluguéis, salários e etc.). Com essa pequena fórmula matemática, qualquer empresário pode calcular o valor correto do dízimo a ser retirado. Para ilustrar melhor, esses cálculos devem seguir os exemplos abaixo:

Digamos que sua empresa teve no mês um faturamento de R$15.000,00; despesas com funcionários, impostos, água, luz, telefone, matéria-prima e aluguel no valor de R$12.800,00. Aplicando a equação, tem-se: 15.000 - 12.800 = 2.200 x 10% = 220. O valor do dízimo é de R$220,00.

Esses cálculos se aplicam apenas a pequenas empresas, cujo faturamento não ultrapassa a faixa limite para micro-empresas. No caso de grandes empresas, o cálculo-base será sempre através do balanço contábil, de onde se deduzirá o valor do lucro ou o pró-labore do proprietário.

Conclusão: o dízimo do empresário deve ser retirado do pró-labore ou do lucro da empresa e não do faturamento bruto mensal. Esta atitude pode provocar danos irreparáveis na estrutura da empresa ou impedi-la de crescer. Veja o exemplo abaixo:

A firma teve um faturamento de R$15.000,00, e, suas despesas foram de R$12.800,00. Segundo a equação mencionada (15.000 - 12.800 = 2.200 x 10% = 220), o dízimo correto é de R$220,00. Mas, se o empresário der o dízimo do valor bruto de faturamento, ou seja, R$1.500,00, excederá em R$1.280,00 o valor correto do dízimo devido, inviabilizando totalmente sua atividade, por não obter renda para manutenção de sua empresa e de sua família.
Há ainda o caso de o empresário querer dizimar do lucro de sua empresa, e não apenas do seu lucro individual. Nesse caso deverá proceder da mesma maneira para fins de cálculos, levando em conta as peculiaridades contábeis.


AUTÔNOMOS
Autônomos são todos aqueles que trabalham informalmente, ou seja, sem carteira assinada ou vínculo empregatício com empresas. Normalmente fazem trabalhos temporários tais como: venda de produtos de beleza, eletrônicos, importados, barbeiros, cabeleireiras, manicuras, pedreiros, pintores, etc. A fórmula de calcular o dízimo é bem simples.

Tomaremos por base um pedreiro que foi contratado por R$5.000,00 para fazer a reforma de uma casa. Neste caso, multiplica-se o valor total por 10%. Vejamos: 5.000 x 10% = R$500,00, que é o dízimo correto.

Se no valor da reforma da casa, não foram incluídos os materiais de construção, então o pedreiro deve embuti-los também como despesa. Por exemplo: o preço orçado foi de R$5.000,00,
os materiais ficaram em R$2.250,00. Vejamos: 5.000 - 2.250 = 2.750 x 10% . O dízimo deve ser de R$275,00.

De um modo geral, quem trabalha por conta própria deve sempre tirar do faturamento mensal ou semanal as despesas com matérias-primas e produtos adquiridos; somente do que for considerado lucro deve tirar o dízimo. Essas deduções são necessárias para que haja equilíbrio na vida do trabalhador.

Quando se tira o dízimo do valor bruto arrecadado, pode-se estar cometendo o erro de dar o dízimo daquilo que não é lucro. Por exemplo: uma costureira faz um vestido por R$250,00; o tecido custou R$185,00 e os aviamentos R$45,00: 250 - 185 - 45 = 20 x 10%= 2.

O dízimo correto é R$2,00. Mas se a costureira der o dízimo do valor bruto do vestido, R$25,00, terá ultrapassado em R$23,00 o valor devido do dízimo. Portanto, o dízimo deve ser sempre do lucro real obtido e não do bruto.

ASSALARIADOS
Todos os funcionários devem atentar para os seguintes tópicos: salário, benefícios e deduções. O dízimo do salário do funcionário deve ser do valor bruto mensal e não do valor líquido, vejamos o porquê. Do salário do funcionário são descontados, o INSS - que dá direito a hospitais da rede pública e à aposentadoria; plano de saúde; vale-refeição e outros, que não são despesas, e sim, benefícios utilizados pelo funcionário. Às vezes, ocorrem deduções do Imposto de Renda, para quem ganha acima de determinado valor, mas esse imposto também é considerado um
benefício, pois geralmente é restituível quando se tem dependentes.

Quando retira um vale no meio do mês, o dizimista tem duas opções: pode tirar o dízimo imediatamente e deduzi-lo no final do mês ou deixar para retirar tudo de uma só vez quando receber o complemento do salário. Cabe salientar que, ao tirar um vale, o salário a receber é menor no final do mês. Para evitar o descumprimento da fidelidade com Deus, é aconselhável tirar logo o dízimo para não acumular.

Nos casos de empréstimos não é necessário retirar o dízimo, pois o pagamento das parcelas do financiamento deve sair de uma fonte de renda da qual já tenha se tirado o dízimo.

VALE-TRANSPORTE
Neste caso, é importante conhecer o mecanismo desse benefício. O vale-transporte é descontado em folha pelo valor correspondente a 6% do salário. Assim, o dízimo sobre esse benefício deverá ser calculado sobre o que exceder os 6%, que se torna um montante de lucro excedente.

É aconselhável consultar o seu próprio contra-cheque, ou se dirigir ao departamento de pessoal da firma em que trabalha para a verificação do valor descontado.

DONAS DE CASA
Dízimo é sempre dez por cento das rendas salariais, dos lucros empresariais ou mesmo de trabalhos sazonais, temporários ou de quem recebe mesadas.

No entanto, nunca se deve dar o dízimo daquilo que não pertence ao cristão. Por exemplo: a mulher recebe do marido dinheiro para fazer as compras do mês, e dali tira o dízimo em nome do marido.

Podemos afirmar que essa atitude é errada. Não se pode dar o dízimo por outrem sem o seu devido consentimento, ainda que essa pessoa seja o marido.

Se o marido der à mulher uma quantia para que ela faça uso como quiser, aí, sim, deve-se tirar o dízimo, mas do dinheiro das compras ou prestações, não se deve tirar.

BENS VENDIDOS
Normalmente, o cristão, quando compra bens, móveis e imóveis, já compra com dinheiro dizimado. Neste caso não é necessário pagar o dízimo novamente, a não ser nos casos em que houver lucros, mas, cabe frisar que o dízimo deve ser retirado do lucro e não do valor bruto da venda. O dízimo do total da venda de bens deve ser
retirado somente se o proprietário na época da aquisição, comprou com dinheiro não dizimado, ou recebeu como herança de alguém.

PENSIONISTAS
O pensionista recebe mensalmente um salário real, sem descontos previdenciários e deve tirar o dízimo do valor bruto recebido. Mesmo que esteja incluído na faixa de tributação do Imposto de Renda, conforme analisado anteriormente,
deverá dizimar do valor bruto recebido.

COMISSIONADOS
Da mesma forma que procede um funcionário assalariado, deve ser o procedimento do comissionado, ou seja, dizimar do salário bruto.

PRESENTES
Ganhar algum bem de consumo, móvel ou imóvel é um fato corriqueiro nos dias atuais, mas deve ser analisado caso a caso cuidadosamente. Por exemplo: alguém que não tem renda nenhuma ou renda insuficiente, recebe como herança uma casa no valor de cinqüenta mil reais; neste caso pode ir pagando mensalmente o dízimo até completar o valor total ou esperar a concretização da venda para retirá-lo.

No caso de pequenos bens ou presentes, o cristão deve agir segundo a consciência. Ainda que seja irrisório o valor, o importante para Deus é a fidelidade do homem.

COMPRA E VENDA DE BENS
Quem trabalha com compra e venda de bens, deve retirar o dízimo do lucro que obtiver com a venda e não do valor total da venda. Por exemplo: um negociante de carros comprou um veículo por R$10.000,00 e vendeu por R$12.500,00. Com essa venda, obteve um lucro de R$2.500,00.

Utilizando a fórmula matemática já mencionada, temos: 12.500 - 10.000 = 2.500 X 10% = 250,00. O dízimo deve ser de R$250,00.

ATRASOS
Existem muitas situações que podem levar o cristão a ficar nessa situação, mas, é importante lembrar que a fidelidade a Deus deve estar acima de qualquer coisa ou circunstância. O dízimo deve ser retirado das primícias de tudo que o cristão recebe. Deixar de fazê-lo é dar oportunidade ao demônio devorador para agir novamente! Muitos que assim agiram passaram por grandes dificuldades e nunca mais conseguiram acertar suas vidas financeiras. O correto é servir a Deus em primeiro lugar, depois aos outros:

"Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares" Provérbios 3.9-10

PAGAR POR OUTROS
O dízimo como já falamos anteriormente, é um ato individual que expressa confiança em Deus. Por isso, não pode ser dado em nome do marido, esposa, filhos ou parentes sem o consentimento voluntário deles. Existem pessoas que agem impensadamente e por vezes causam confusões e transtornos aos seus familiares. Por exemplo: a esposa cristã que trabalha junto com o marido incrédulo em um comércio da família, não deve jamais retirar o dízimo sem o consentimento do marido, a não ser que ele mesmo retire ou dê a ela liberdade para fazê-lo.

QUEM DEVE RECEBER
A finalidade do dízimo é o mantimento da Casa de Deus e na Bíblia não existe nenhuma regra especial, a não ser entregá-lo na Casa de Deus. Mas, por uma questão de consciência, o cristão deve dar o dízimo na igreja onde congrega, onde participa da Santa Ceia e onde se alimenta da Palavra de Deus.

O dízimo deve ser entregue no altar da igreja, conforme dizem as Escrituras Sagradas, para provimento das condições necessárias para a realização do culto a Deus. Com o dízimo, a igreja pode estabelecer os projetos de evangelização, pagar as despesas com água, luz, telefone, funcionários e manutenção dos pastores e abertura de novos templos.

DOAÇÕES UTILIZANDO DÍZIMOS
O dízimo não pode ser utilizado aleatoriamente, ainda que seja em benefício de pessoas carentes e necessitadas. A administração do dízimo cabe exclusivamente à igreja, e, os sacerdotes responsáveis por ela é que devem definir onde e quando utilizá-lo.

Imagine se todos os cristãos utilizassem o dízimo para fazer doações ou algo parecido, a igreja não teria condições de funcionar nem anunciar a salvação. O cristão sincero conhece a necessidade de sua igreja e por isso jamais empregaria o seu dízimo de maneira incorreta, mesmo que isso tivesse aparência de gesto piedoso.

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terça-feira, 11 de agosto de 2009

MARCELO GLEISER - O CETICISMO DO CIENTISTA

Volta e meia, leitores me questionam sobre o que lhes parece ser o exagerado – ou pouco razoável – ceticismo do cientista.

As abordagens variam. Algumas vezes, acham inconsistente um cientista se dizer ateu quando não pode responder a certas questões básicas, como, por exemplo, a origem do Universo ou da vida. Dizem eles: “Vocês falam do Big Bang, o evento que iniciou tudo. Mas de onde veio a energia que provocou esse evento? Como falar de algo material surgindo do nada, sem a ação de um ser imaterial, isto é, divino?” Outras críticas dizem respeito à descrença em fenômenos paranormais, sobrenaturais, OVNIs e seres extraterrestres, espiritismo etc.

Segundo estatísticas recentes feitas pela Fundação Gallup nos Estados Unidos, em torno de 50% dos americanos acreditam em percepção extra-sensorial. Mais de 40% acreditam em possessões demoníacas e casas mal-assombradas, e em torno de 30% crêem em clarividência, fantasmas e astrologia. Não conheço estatísticas semelhantes para o Brasil, mas imagino que os números devam ser no mínimo comparáveis.


Sem a menor dúvida, a luta do cético é ingrata; ele estará sempre em minoria. Existem muito mais colunas sobre astrologia do que sobre astronomia ou ciência nos jornais e revistas do Brasil e do mundo. Mas, sem ceticismo, a sociedade estaria fadada a ser controlada por indivíduos oportunistas que se alimentam dessa necessidade muito humana de acreditar.


Ela existe para todos não há dúvidas. Mesmo o cético deve acreditar no poder da razão para desvendar os muitos mistérios que existem. A paixão que o alimenta é a mesma do crente, mas direcionada em sentido oposto.

Devido a esse ceticismo, muitas vezes os cientistas (incluindo este que lhes escreve) são acusados
de insensibilidade. De jeito nenhum. Eu tenho grande respeito pelos que acreditam. O que me é difícil aceitar é a exploração que existe em torno dessa necessidade, a exploração da fé.

Na Índia, por exemplo, recentemente apareceram milhares de “homens-deuses”, que se dizem meio deuses, meio gente. No México, funcionários do governo freqüentam seminários sobre como usar o poder dos anjos. O Peru está cheio de psíquicos, enquanto na França são aromaterapeutas. Testes em laboratório visando verificar poderes extra-sensoriais invariavelmente falham.

O famoso paranormal israelense Uri Geller, que dobrou garfos na frente de milhões nos anos 70,
foi desmascarado como fraudulento. O meu orientador de doutorado na Inglaterra, impressionado com Geller e outros médiuns, montou um laboratório para testar seus poderes. Ele o fez com ótimas intenções, para explorar a origem desses poderes de modo a divulgá-las para o resto da humanidade. Mas falharam todos.

Voltando à questão do Big Bang. A religião não deve existir para tapar os buracos da nossa ignorância. Isso a desmoraliza. É verdade, não podemos ainda explicar de forma satisfatória a origem do Universo. Existem inúmeras hipóteses, mas nenhuma muito convincente.

Mesmo se tivéssemos uma explicação científica, sobraria uma outra questão: o que determinou o conjunto das leis físicas que regem este Universo? Por que não um outro? Existe aqui uma confusão sobre qual é a missão da ciência. Ela não se propõe a responder a todas as questões que afligem o ser humano.

A ciência, ou melhor, a descrição científica da natureza, é uma linguagem criada pelos homens (e mulheres) para interpretar o cosmo em que vivemos. Ela não é absoluta, mas está sempre em transição, gradativamente aprimorada pela validação empírica obtida através de observações. A ciência é um processo de descoberta, cuja língua é universal e, ao menos em princípio, profundamente democrática: qualquer pessoa, com qualquer crença religiosa ou afiliação política, de diferentes classes sociais e culturas pode participar desse debate. (Claro, na prática a situação é mais complexa.)

Ela não terá jamais todas as respostas, pois nem sabemos todas as perguntas. O cético prefere viver com a dúvida do que aceitar respostas que não podem ser comprovadas, que são aceitas apenas pela fé. Para ele, o não-saber não gera insegurança, mas sim mais apetite pelo saber. Essa talvez seja a lição mais importante da ciência, nos ensinar a viver com a dúvida, a idolatrá-la. Pois, sem ela, o conhecimento não avança.

Sobre o autor: Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Darthmouth College, em Hanover (Estados Unidos), e autor do livro O Fim da Terra e do Céu.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

RODRIGO CONSTANTINO - CIÊNCIA VERSUS RELIGIÃO: A LUTA DE GALILEU

“A ciência está aberta à crítica, que é o oposto da religião. A ciência implora para que você prove que ela está errada - que é todo o conceito - enquanto a religião o condena se você tentar provar que ela está errada. Ela te diz aceite com fé e cale a boca.” (Jason Stock)

Há quatro séculos, Galileu Galilei iria revolucionar o mundo apontando seu telescópio para o céu. Suas observações empíricas iriam bater de frente com os dogmas religiosos da época, calcados nas Escrituras Sagradas e no aristotelismo. Suas descobertas eram um duro golpe para a vaidade dos homens, que gostavam de considerar a Terra o centro do universo. Ao lado de Darwin, que séculos depois daria outro duro golpe na vaidade humana, Galileu representa o símbolo da luta pela liberdade de pensamento e pela busca do conhecimento, contra o dogmatismo religioso que exige obediência e veta questionamentos e críticas.

O contexto da época em que Galileu nasceu está bem resumido no livro Galileu Anticristo: Uma Biografia, de Michael White: “Até o século XVI, a Igreja católica era todo-poderosa, e qualquer dissidência era rápida e brutalmente esmagada. Hereges eram perseguidos, seu trabalho era banido e suas opiniões, silenciadas. O exemplo mais famoso disso é o terrível destino do filósofo e religioso radical Giordano Bruno, que em fevereiro de 1600 foi empalado e queimado em Roma, depois de ter agüentado sete anos de aprisionamento e tortura nas masmorras da Inquisição. Os crimes de Bruno haviam sido refutar as noções da Santíssima Trindade e da Imaculada Conceição, defendendo a ciência aristotélica e propondo a idéia de que a vida inteligente pode existir em planetas distantes da Terra”. Bruno foi o primeiro grande mártir da ciência.

A Igreja vivia submersa em corrupção, com venda de “indulgências” e outras práticas nefastas em busca de mais recursos. A perda de fiéis após a Reforma Protestante fez com que ocorresse uma reação da Igreja romana, e o Concílio de Trento foi criado em 1545 para este fim. A Inquisição era o mecanismo armado para calar os “hereges”, e bastava o testemunho de dois informantes para que o acusado fosse aprisionado para seu “interrogatório”, sem direito a advogados. Como a Igreja não tinha muita pressa, muitos pereceram nas prisões, aguardando seu julgamento. O Índex de Livros Proibidos aumentava a cada ano, limitando o conhecimento disponível e ameaçando todos os pensadores sedentos por mais informação. Era neste ambiente hostil à ciência que Galileu vivia.

O método científico moderno, que permite a postulação de novas idéias que serão posteriormente testadas, não era bem aceito nessa época. Afinal de contas, este método permite que novas idéias sejam introduzidas e possam destruir velhas teorias, o que era uma grande ameaça aos dogmas cristãos. Logo no começo de seu tratado de 1590, intitulado De Motu, Galileu demonstra seguir padrões exigentes: “Neste tratado, o método que devemos seguir será sempre fazer o que se diz depender do que foi dito antes e nunca, se possível, assumir como verdadeiro aquilo que requer prova. Foi assim que meus professores de matemática me ensinaram”. Esta abordagem era moderna na época. Se os fatos observados entram em contradição com a crença vigente, pior para a crença. Os dogmáticos costumam fazer o contrário: ignoram os fatos contraditórios para salvar a fé.

Galileu observou pela primeira vez as luas de Júpiter em 7 de janeiro de 1610. Ele não sabia que eram luas ainda, e escreveu em suas anotações que se tratavam de “estrelas”. Em meados de março, o primeiro livro mais importante de Galileu foi publicado, O Mensageiro das Estrelas. Suas descobertas começavam a incomodar bastante a Igreja, e Galileu havia saído da mais liberal Veneza para viver na Toscana, que mantinha relações com Roma e era governada por uma família extremamente religiosa. A amizade de Galileu com Frederico Cesi seria outro fator que contribuiria para a revolta da Igreja. Cesi era muito rico e tornou-se príncipe em 1613, não sendo um alvo fácil para o Vaticano. Ele era o fundador de uma sociedade secreta chamada Academia dos Linces, que abrigava pensadores críticos ao establishment local. A academia financiou a publicação de duas obras de Galileu, Carta sobre as manchas do Sol (1613) e O Experimentador (1623). Tais livros contribuíram para o choque entre Galileu e a Igreja. Foram consideradas obras de um anticristão.

A fama de Galileu representava um problema para o Vaticano, já que não seria tarefa simples calar o famoso cientista. No entanto, a Igreja foi bem-sucedida no objetivo de afastar Galileu de suas pesquisas, sem precisar partir para métodos mais escancarados como no caso de Bruno. Julgado pela Inquisição, Galileu acabou condenado à prisão domiciliar pelo resto de sua vida, tendo que negar suas teorias “heréticas”. Não há consenso sobre as acusações que finalmente levaram Galileu à condenação. A versão mais tradicional diz que Galileu teria sido julgado simplesmente por ter desafiado abertamente a Igreja e apoiado a teoria copernicana. O que importa é que o dogma tinha vencido a batalha contra a ciência, mas não a guerra. Reza a lenda que, enquanto estava sendo conduzido para seu destino de condenado, Galileu teria dito: “E mesmo assim, se move”. Como diz White, “embora provavelmente isso não passe de um mito, tal comentário decerto teria sido apropriado”.

Seus últimos meses de vida foram miseráveis. Além de totalmente cego, Galileu sofria de uma série de doenças, incluindo artrite, uma hérnia e a doença de rim que acabaria por matá-lo. Mas seu legado viveria. Enquanto os principais perseguidores dele caíram no esquecimento, o nome Galileu ainda hoje representa o poder das idéias. Galileu seria visto como ícone do espírito da Renascença. O Iluminismo que ele ajudou a criar colocaria gradualmente limites no dogmatismo religioso, abrindo cada vez mais espaço para a ciência. Basta comparar o progresso do conhecimento ocidental desde então, com a lamentável situação que ainda se encontram os principais países islâmicos, que não tiveram sua “Era das Luzes” ainda.

Quando a religião sai da esfera individual e parte para uma mistura simbiótica com o estado, formando uma teocracia, a ciência costuma ser a primeira vítima. Onde os dogmas prevalecem, impostos pela força do estado, o pensamento crítico não tem vez. Que esta importante lição extraída da vida de Galileu Galilei nunca seja esquecida.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

AUGUSTO NUNES - A DIPLOMACIA DO CINISMO PROMOVEU A VENEZUELA A PATROA DO BRASIL

3 de agosto de 2009
Em janeiro de 2008, Hugo Chávez resolveu que deveria ser conferido às FARC o status de “grupo beligerante”. Onde parecia haver um bando de ex-guerrilheiros comunistas convertidos ao narcoterrorismo nos anos 80, explicou o presidente da Venezuela, havia um exército de patriotas que desde 1964 lutam pela libertação do povo colombiano. E onde parecia haver um chefe de governo democraticamente eleito havia o tirano Alvaro Uribe. Chávez tem razão, endossara previamente o governo Lula ao promover o foragido Francisco Colazzos, o Padre Medina, a embaixador das FARC no Brasil.

Em março, quando Uribe ordenou o pedagógico ataque militar à estalagem narcoguerrilheira no Equador, a menos de dois quilômetros da fronteira, um Chávez até aqui de cólera jurou vingar “a invasão do território equatoriano e as vítimas do massacre”. Ele tem razão, curvou-se o chanceler Celso Amorim, exigindo que a Colômbia pedisse desculpas ao Equador.

Inconsolável com a morte de Raúl Reyes, número 2 na hierarquia da sigla, Chávez jurou homenagear-lhe a memória a bala. “O grande guerreiro saberá que não lutou em vão”, declamou. A retórica tropeçou no traje: surpreendido no meio da noite pelo bombardeio aéreo, Reyes partiu de pijama. Guerrilheiros que se prezam tombam com a metralhadora na mão, a farda e o quepe agredidos pelas intempéries, botas castigadas por incontáveis combates. O comandante destemido morreu vestido de avô.

Ainda em março, um enfarte levou Manuel Marulanda, o Tirofijo, chefe supremo das FARC. O mais velho guerrilheiro do planeta ─ computado o tempo de serviço no ramo do narcotráfico ─ tinha 78 anos de idade e 44 de selva. As fotos de Tirofijo sobraçando o fuzil mostram um homem em estado de decomposição. O pijama do nº 2 e o rosto em ruínas do nº 1 deixaram até Chávez sem voz. Recuperou-a em junho, ao saber que Ingrid Betancourt fora libertada. E surpreendeu a platéia com a mudança do script.

“Libertem os reféns, sem pedir nada em troca”, ordenou às FARC. “A guerra de guerrilha passou, a luta armada está fora de lugar”. Telefonou em seguida para o presidente da Colômbia, felicitou-o efusivamente pela operação vitoriosa e convidou-o a aparecer na Venezueala assim que pudesse. “Uribe será recebido como um irmão”, animou-se. “Já nos dissemos coisas muito duras, mas essas coisas acontecem também entre irmãos”. O governo brasileiro achou o palavrório muito bonito.

O mistério da brusca conversão seria logo decifrado: o material apreendido na hospedaria provou que Chávez protege. municia e patrocina os terroristas que Correa hospeda. O Itamaraty achou aquilo irrelevante. No mês passado, a catarata de evidências criminosas foi ampliada pela captura, num acampamento das FARC, de um carregamento de armas fabricadas na Suécia e vendidas à Venezuela nos anos 80. Como é que aqueles mísseis antitanques foram parar lá?

Sem respostas a oferecer, Chávez resolveu interpelar Uribe pelo acordo que permite aos Estados Unidos o uso de bases militares na Colômbia. O Itamaraty aderiu imediatamente à manobra. “Compreendo as preocupações da Venezuela”, recitou Amorim. Como se os americanos precisassem de bases na América do Sul para enquadrar militarmente o desafiante sem chances. “Vou pedir ao Obama que me explique melhor o que vai fazer”, viajou Lula outra vez.

“A Colômbia nunca foi um país agressor da comunidade internacional: ela é vítima da agressão do terrorismo interno”,lembrou Uribe. O agressor é Chávez, dispensou-se de avisar. Se não brincasse de antiimperialista fora do Brasil para esconder as alianças abjetas que faz em casa, é a Chávez que Lula deveria pedir explicações. Como vai a parceria com a Rússia? Por que o companheiro não para de se intrometer em assuntos internos de outras nações? Por que tantas mobilizações de tropas nas fronteiras? E essa história de fechar emissoras de rádio, explodir o prédio da TV e confiscar atribuições de governadores da oposição? Não pega mal exigir democracia em Honduras e agir como liberticida na Venezuela?

Lula prefere fingir que o problema é a Colômbia. Que o perigo é Obama. Continua ao lado das FARC e contra o governo legítimo. Continua subordinado ao primitivismo bolivariano.

“Não recebemos ordens dos Estados Unidos”, repetiu Celso Amorim. A diplomacia do cinismo operou um milagre e tanto. A Venezuela virou patroa do Brasil.