quinta-feira, 23 de abril de 2015

Fernando Gabeira: Hora e vez de Sibá Machado

Mais uma vez, o povo na rua. Grande parte de nossa esperança está depositada na sociedade. Ela é quem pode dinamizar a mudança. A maioria vai gritar “Fora Dilma”, “Fora PT”. Não há espaço agora para outras palavras. No entanto, a saída de Dilma é apenas o começo. Vai ser preciso um ajuste econômico. Todos deveriam se informar e tomar posição sobre ele. O governo Dilma não se mexe na redução de ministérios e cargos de confiança. Não há um projeto sério de contenção de gastos com a máquina. E sem isso, o impacto do ajuste, aumentando impostos e cortando benefícios sociais, dificilmente será digerido pelo Congresso e pela própria sociedade.

O Congresso é passível de suborno com verbas e cargos. A sociedade, não. Mas um simples ajuste econômico merecia um pouco mais de reflexão para além deste domingo.

Vale a pena retomar um crescimento apoiado no consumo de carros e eletrodomésticos? É possível superar a limitação do voo da galinha na economia brasileira, achar um caminho sustentável?

Os rios brasileiros estão exauridos. Vamos continuar a destruição? A Califórnia luta há anos com a escassez de água. É um estado que sempre soube se reinventar. Abriga a indústria do cinema, o Vale do Silício. Apesar de toda a experiência, a crise atual ameaça seu futuro.

Cada vez que um grande movimento vai às ruas pedindo a saída de Dilma, ela, na realidade, vai saindo aos pouquinhos. Hoje não controla a política, nem a economia. Inaugura, faz discursos para a claque. Apegado à negação de seus erros, o PT é quase um fantasma. Seu líder na Câmara é Sibá Machado. Ele acha que as manifestações do dia 15 e também as de hoje são organizadas pela CIA. E foi ao ministro da Fazenda pedir novos financiamentos para as empreiteiras do Lava-Jato.

A tendência é achar que o Sibá Machado não existe, que é criação de algum escritor dedicado ao realismo fantástico. Mas Sibá existe e ocupa a liderança de um partido com 64 deputados na Câmara. Como foi possível Dilma ser presidente do Brasil? Como foi possível Sibá Machado tornar-se o líder de um partido que está no poder há 12 anos?

Não há espaço para explicar tudo. Mas Dilma é fruto da vontade de Lula, que detesta a ideia de surgirem outros líderes no partido. Sibá é o fruto da disciplina de quem espera na fila a hora do revezamento. Todos podem ser líderes, independentemente de estarem preparados. É a hora e a vez de Sibá Machado.

Estamos atravessando uma atmosfera de “Cem anos de solidão”. Sibá pede mais dinheiro público para quem nos roubou. Dilma afirma que sua tarefa é recuperar a Petrobras, que ela e o PT destruíram. Não acredito que sejam cômicos por vocação, embora o Sibá leve muito jeito. Isaac Deutscher, o grande biógrafo de Trotsky, demonstra que muitas vezes os governos fazem bobagem porque já não têm mais margem de manobra.

O buraco em que o PT se meteu é mais grave do que a estreiteza da margem de manobra. É a escolha de quem se agarra à negação para fugir da realidade. Por isso é que, além dos incômodos da crise, do assalto às estatais e fundos de pensão, o PT irrita. São muitas as pessoas simples que se sentem não apenas assaltadas como contribuintes, mas desrespeitadas pelo cinismo oficial.

Já é um lugar comum afirmar que vivemos a maior crise dos últimos tempos. Nela, entretanto, há um dado essencial: aparato político burocrático segue afirmando que a realidade é a que vê e não a compartilhada por milhões de pessoas na rua.

O que pode acontecer numa situação dessas? Collor saiu de nariz empinado e submergiu alguns anos. Ele chamava verde e amarelo, aparecia preto. O PT chama vermelho, aparecem verde e amarelo.

O curto circuito pictórico parece não dizer nada para eles. No fundo, havia em Collor uma espécie de orgulho pessoal. No PT, há uma confiança na manipulação. O partido no poder escolheu o caminho mais espinhoso. Seu líder na Câmara parece delirar, mas apenas quer cumprir suas tarefas elementares de negação.

O assalto à Petrobras não existiu. As manifestações foram arquitetadas pela CIA, e as empreiteiras, coitadinhas, precisam de grana oficial para financiar nossas campanhas. E os marqueteiros nos observam como jacarés tomando sol. Daqui a pouco vão entrar em ação para convencer a todos que o Brasil é maravilhoso e vai ficar melhor ainda.

É assim que a negação se reflete numa alma simples como a de Sibá Machado. Ele vem de uma região marcada pelas experiência místicas com a ayahuasca, planta que provoca visões. Um pouco distante dali, mas também na Amazônia, o pastor Jim Jones comandou um suicídio coletivo.

Na hora e vez de Sibá, o próprio inferno será refrigerado. Ganha-se muito dinheiro quando se passa pela cadeia, como fez José Dirceu. E há sempre Cuba e Venezuela para um recuo estratégico.

Vamos para a rua fingindo que os agentes da CIA nos organizam. No fundo, sabemos que se dependêssemos deles, correríamos o risco de uma grande trapalhada.

Mas pra que contrariar Sibá Machado e o PT na sua fase tardia ? De uma certa forma, já não estão entre nós. Morreram para o debate racional.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Elio Gaspari :Uma fábula da modernidade

O grande poeta Cacaso (1944-1987) fez um versinho que pareceu datado e revelou-se eterno:

“Ficou moderno o Brasil,
ficou moderno o milagre.
Água já não vira vinho.
vira direto vinagre.”

A modernidade do século XXI tem os velhos toques de arquitetura futurista, mais privataria e terceirizações. Somando-se a isso, cria-se uma boa página da internet e, tchan, o futuro chegou.

Quem passa pela Avenida Presidente Vargas, no Rio, vê um lindo prédio prédio branco. É a Biblioteca Parque, do governo do estado. Foi uma joia da coroa da campanha do candidato Pezão, que prometeu construir mais 11. Inaugurada em 2013, foi entregue à empresa Instituto de Desenvolvimento e Gestão, o IDC. Funcionava ali outra biblioteca pública, resultado de uma iniciativa de Dom Pedro II. Às vezes ia bem, depois ia mal. Darcy Ribeiro remodelou-a, mas no governo Sérgio Cabral decidiu-se passar o Rio a limpo. O velho prédio foi demolido. No lugar, ergueu-se o outro, moderno e lindo (com isso os empreiteiros e fornecedores de serviços faturaram pelo menos R$ 71 milhões). Com o milagre, a água viraria vinho.

Virou vinagre. Um ano depois de sua festiva inauguração, o IDC resolveu reduzir o horário de atendimento. A instituição funcionava das 10h às 20h. Funcionará das 12h às 18h30m, de terça a sexta, e não abrirá mais nos fins de semana. A empresa tem seus motivos, pois Pezão lhe deve R$ 10 milhões. Vale notar que o novo horário exclui todos aqueles que trabalham na região e que o IDC acha problemático abri-la no fim de semana. São muitas as grandes cidades brasileiras que não têm bibliotecas abertas aos domingos, mas se o Rio quiser mudar de patamar, não fecha a sua.

Construir ou reformar bibliotecas rende imediatos faturamentos e cerimônias. Mantê-las é outra história, coisa que depende de recursos e servidores dedicados. Pezão tropeçou nessa ponta dessa equação. Em outros casos, piores, caiu-se na primeira, na qual paga-se parte da obra e deixa-se a instituição à matroca. A Biblioteca Nacional de Brasília, construída em 2002, tornou-se um excelente salão de leitura e centro de exposições, mas biblioteca nacional não é. A Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul está fechada para reformas há oito anos. A Câmara Cascudo, de Natal, e a Pública de Maceió estão em reformas, fechadas há quatro anos. A Biblioteca Municipal de Manaus, fechada há três anos, foi ocupada por moradores de rua e depredada em setembro do ano passado. Isso para não se falar do Museu do Ipiranga, fechado desde 2013, com reabertura prevista para 2022. De tempos em tempos, a cripta onde deixaram Dom Pedro I vira mictório.

Muito mais importante do que construir novos prédios e contratar administradores privados é cuidar direito do que já existe, com os servidores que lá estão. Uma das Bibliotecas Parque do governo do Rio, logo a da Rocinha, foi apanhada num lance de superfaturamento.


Numa trapaça da vida, a única biblioteca criada nos últimos meses funcionou, inclusive aos domingos, na carceragem de Curitiba, onde os empreiteiros presos pela Lava-Jato compartilharam sua leituras de bordo.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Vittorio Medioli: Liberdade de imprensa, fundamental desde a época de Napoleão

Para Napoleão Bonaparte, a imprensa tinha um papel preponderante. A monarquia francesa caiu do trono no fim do século XVIII e subiu os degraus do patíbulo exatamente quando a difusão das impressoras influenciou a circulação de panfletos e jornais de conteúdo explosivo. Napoleão teve a sua escalada liberada em seguida pela imprensa. Sentiu na epiderme esse efeito e nunca esqueceu a importância do controle da informação.

Já como imperador, afirmou: “Se perco o controle da imprensa, não me aguentarei no poder nem por três meses”.

O crescente descontentamento nos meios sociais alfabetizados acelerou a queda da monarquia. Foram jornalistas e editores como Camille Desmoullins, o mesmo personagem imortalizado nos quadros de 14 de julho de 1789 como orador da tomada da Bastilha, que determinaram a queda da opulenta Corte de Versalhes.

A classe média da época, a burguesia, ao ter conhecimento dos abusos nos gastos de Luís XIV, em contraste com as dificuldades e penúrias dos setores produtivos e populares, submissos ao crescente confisco tributário, gerou o mais intenso movimento revolucionário de todos os tempos. Alastrou-se entre o povo sofrido e chegou longe. Depois das primeiras convulsões jacobinas, a via ficou livre para Napoleão se impor como ditador/imperador. As revoluções têm essa tendência de sair pela culatra e substituir um sistema por outro parecido.

Napoleão casou-se em 1810 com a sobrinha de Maria Antonieta, 15 anos após esta ter a cabeça cortada aos gritos da praça. Quem quebrou os paradigmas de milênios de feudalismo foi o movimento arrastado pela imprensa, fazendo luz sobre os descalabros da monarquia.

De lá pra cá a importância da comunicação, da circulação das informações e opiniões, foi uma constante limitadora para os governantes, determinando constrangimento na atuação indiscriminada. Mudou e ainda vem mudando os costumes.

Agora as redes sociais, como as impressoras do século XVIII, ampliam e aceleram o alcance da informação, apertam ainda mais os governantes. E a guerra nas redes toma aspectos patéticos, marcados de absurdos e inverdades acobertados pelo anonimato. A verdade, entretanto, tem uma força que costuma aparecer. O engano dura pouco ou muito tempo, mas nunca para sempre.

A informação correta incomoda os sistemas de governo arbitrários; quanto mais tirânicos, mais necessidade de oprimir a imprensa.

O melhor marketing de um governante é o sucesso, aquele que atinge os governados. Qualquer ação coroada de sucesso tem o poder de demolir a inverdade.

O governante, quanto mais sofrível é seu desempenho, mais queixoso será com a mídia e mais feroz com quem a mantém num campo de objetividade. Ao déspota a verdade não basta, mesmo com todos os meios que tem de se dirigir aos governados e fazer valer sua versão. A mídia enganosa, especialmente agora com a concorrência das redes, se inviabiliza. Esconder, manipular, distorcer, além de atos falhos, são atos suicidas.

A imprensa nos últimos 200 anos aumentou a capacidade de incomodar o poder e ser, quando bem administrada, um instrumento de equilíbrio social. Aquela de coloração imprópria e chantagista, hoje, tropeça justamente na multiplicidade das versões com as quais se confronta.


Diante de tudo isso, não se entende por que agora surgem tantas preocupações de limitar uma liberdade que é indispensável para qualquer democracia.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Assis Pereira: Resposta ao Marco Aurélio Garcia - Como originou o aparelhamento na Petrobras

Na qualidade de aposentado e ex-empregado da Petrobras, trabalhei por décadas como engenheiro especialista em contratação de grande porte na Estatal. Fui testemunha do início do processo de aparelhamento que foi engendrado na maior empresa nacional, orquestrado por sindicalistas, políticos e empresários inescrupulosos, lobistas e aproveitadores de plantão.

Nos idos de 2003, fim do mandato de FHC e inicio do primeiro mandato do Lula, instalou-se na área de RH da Petrobras uma “mão sindicalista” operacionalizada naquela oportunidade pelo atual chefe da comunicação institucional, Wilson Santarosa, sindicalista incrustado na Estatal a serviços do esquema fraudulento que lá se instalou naquela oportunidade.

A sistemática inicial utilizada para obtenção de “recursos” para suprir as necessidades crescentes do Partido do Governo e base aliada foi montada segundo uma estratégia facilitadora para incrementação contínua e eficiente do processo de terceirização de serviços na Estatal, gerando cada vez mais Contratos assinados levando ao aumento da base arrecadadora das Contratadas para o “SISTEMA”.

Esta estratégia possibilitava a terceirização em grande escala de serviços, abrangendo tanto aqueles de natureza acessórias previstos em lei, como os previstos no Plano de Cargos e Salário da Estatal, ai relacionados os das atividades fins, de cunho estratégico e sigiloso, condição essa indispensável para celebração de uma quantidade crescente de Contratos de Apoio Técnico e em contrapartida, obtenção do alargamento da “base arrecadadora” das empresas doadora ao “SISTEMA”.

Assim, a missão do Santarosa consistiu naquela oportunidade no “aprimoramento” na Gestão de RH da PB que resultasse na necessidade de incremento de contratação maciça de mão de obra terceirizada, para prestação de serviços nos escritórios da Estatal na forma de Cessão de Mão de Obra para execução de serviços ate então considerados pertinentes ao Plano de Cargos e Salários da Petrobras, tidos como atividades fins, estratégicas e sigilosas, implicando na condução a uma perversa política de terceirização ilegal colocada em prática ate os dias atuais.

Pelo excesso da sistemática de terceirização excessiva implantada na Petrobras a favor do “SISTEMA”, não restavam mais espaços nos Escritórios da Petrobras destinados a novos contratados primeirizados, ainda que a Estatal Petroleira necessitasse desses recursos por conta do crescimento vertiginoso nos negócios da Petrobras na exploração OFFSHORE, no pos sal, e mais a frente no presal.

Não demorou muito, passou a ser prática corrente, constar nos contratos uma verba de fornecimento de escritório, com toda infraestrutura para execução de serviços a onerar os processos licitatórios para contratação de empresas terceirizadas, com espaço reservado para atuação dos Gerentes da Petrobras comandar a “equipe colocada a disposição da Petrobras” gerando mais uma evidência de terceirização ilegal.

No final do Contrato, as facilidades dos escritórios pagos pela Petrobras ficavam com a Empresa Contratada ou aproveitador de plantão da Contratante ou Contratada, tornando em mais uma improbidade e farra para as contratadas ou outros, a ser questionada pelos tribunais, que onerava sobremaneira e indevidamente esses tipos de Contrato.

A consequência imediata dessa desastrosa sistemática a serviços do “SISTEMA” foi a “Burla aos concursos públicos” onde os aprovados nos certames admissionais de concursos públicos para ingresso na Estatal Petroleira foram preteridos em larga escala por admissão de terceirizados, não concursados, cedidos como mão de obra para executar serviços listados nos Cargos de Planos de cargos e salários da Petrobras para execução de serviços de atividades fins do seu objeto empresarial.

Os contratos de mão de obra terceirizados efetuados pela Petrobras são na verdade, contratos de prestação de serviços por “Cessão de Mão de Obra”, disfarçados de apoio técnico, onde um elevado numero de prestadores de serviços, contados atualmente acima de 360 mil, executam tarefas nos escritórios da Petrobras, recebendo ordenamento direto de gerente, administradores e fiscais da Estatal, de maneira habitual e contínua, exercendo tarefas de atividades fins, estratégicas e sigilosas, cedidos de empresas entrepostas à Estatal, em verdadeiros turnos de revezamento de um seleto numero de empresas no rol do cadastro da estatal, denominado PROGEFE, (Programa de Gestão de Fornecedores), que sequer conhecem seus supostos empregados.

Os donos dessas empresas são em sua maioria, aposentados ou ex-empregados da Estatal pagadores de dízimos ao “SISTEMA” que administram com sabedoria a divisão harmônica dos serviços, como se fossem uma verdadeira irmandade, introduzindo a mesma pratica cartelizadadora que foi mais a frente evidenciada e denunciada por empresários em acordo de delação premiada na operação Lava Jato.

Podemos observar atualmente no âmbito do TJRJ, demais Tribunais e MP o desenrolar de inúmeras ações promovidas por concursados aprovados e preteridos que não se deram por vencido e continuam pleiteando seus direitos de serem contratados pela Petrobras, objetivando retirar de lá os que foram cedidos pelo esquema montado para contratação de Empresas Terceirizadas em contratos bilionários, como os da HOPE RH e Manchester, empresas listadas como supridora no esquema de lavagem de dinheiro comandada pelo doleiro Alberto Youseff.

Não fica difícil depreender que esse modelo inicial de arrecadação de recursos através de empresas “supostas prestadoras de serviços” não atendia mais à ganância desenfreada do “SISTEMA”, dai, evoluiu e passou o receituário para uma NOVA FASE: Atuação junto aos grandes negócios da Estatal, as GRANDES CONTRATAÇÕES de obras faraônicas, criadas pelo ESQUEMA fraudulento – AFRETAMENTO DE EMBARCAÇÃO (SBM), PLATAFORMAS, FPSO, COMPERJ, RNEST, Refinarias PREMIO 1 e 2, Contratos de Propósitos Específicos – “SPE’s”, entre outros, resultando naquilo que observamos na atualidade na delação premiada da operação Lava Jato (PRC, BARUSCO, ALBERTO YOUSEF e EMPREITEIROS do nível de um GERSON ALMADA (ENGEVIX) e RICARDO PESSOA (UTC), que a PF esta desvendando.

Ficou celebre e foi imperativo na execução da segunda fase a atuação do PEDRO BARUSCO junto a ABEMI presidida por Ricardo Pessoa (Presidente do Grupo UTC). Naquela oportunidade o PEDRO BARUSCO, efetuou “negociações” com ABEMI de Ricardo Pessoa, produzindo e celebrando 149 Comunicados, sendo 50 sobre Condições Contratuais e 106 com Procedimentos de Execução de Construção e Montagem.

Todos os comunicados celebrados com o Ricardo Pessoa da ABEMI e do Grupo UTC, colocava a Petrobras EM EXTREMA DESVANTAGEM em relação as suas CONTRATADAS afiliadas daquela instituição.

Podemos afirmar sem receio de errar que esses acordos, na forma de “comunicados” foram e são os grandes responsáveis pelos elevados custos dos megas empreendimentos da PETROBRAS, ai incluído o COMPERJ E RNEST em vigor ate o momento.

Por simples artifício consubstanciado nesses acordos, os padrões de contratação da PETROBRAS que resultariam mais a frente nos Contratos licitados, foram formulados por esse receituário pouco ortodoxo que beneficia apenas a parte do empreiteiro (ABEMI/RICARDO PESSOA), onerando sobremaneira a PETROBRAS.

Não restará alternativa para a nova Diretoria da ESTATAL que tomará posse em breve: deverá tomar uma atitude que a Graça Foster não teve coragem: Rasgar e incinerar todos os 149 Comunicados, 50 sobre Condições Contratuais e 106 com Procedimentos de Execução de Construção e Montagem, celebrados pelo BARUSCO e RICARDO PESSOA, assim como refazer todos os padrões contratuais contaminados por esses nefastos acordos. Afinal, esses acordos, contaminaram todos os contratos, os já encerrados e os em execução e ainda contaminarão todos os contratos de prestação de serviços que vierem a ser celebrados na Petrobras.

Nas próximas postagens, falarei mais detalhadamente sobre o teor dos ACORDOS CELEBRADOS, como: ADIANTAMENTO DE PAGAMENTO DE BENS NÃO ENTREGUES A PETROBRAS EM FABRICAÇÃO, FLUXO DE CAIXA NEUTRO, QUANTIDADE DETERMINADA, CRITÉRIOS DE MEDIÇÃO DE SERVIÇOS, etc.
Repasso a seguir vários links de postagem efetuados à mídia denunciando ou solicitando informações a PETROBRAS de fatos graves ocorridos na Estatal, questionando atos de corrupção e improbidades cometidas por gerentes e diretores da Petrobras, agentes públicos, lobistas, políticos e aproveitadores de plantão, sem que fosse percebida nenhuma ação corregedora da Direção Estatal e da Administração Pública, seja da área de controle da união, de tribunais de contas ou Ministério Público.

Veja, por exemplo, o caso de relação de improbidade envolvendo a empresa LC Foster, fornecedora exclusiva de equipamentos à Petrobras, cujo proprietário Colling Foster vem a ser marido da Presidenta Graça Foster. Todos sabem do fato, inclusive a OUVIDORIA da PETROBRAS, mas, NADA FOI FEITO. Basta verificar os registros que fiz aquele órgão que perceberá que a condição improba na conduta de Graça Foster e do Colling Foster foi por mim denunciada sem que observasse nenhuma consequência.

Seguem para conhecimento, alguns links como comentários e denuncias que fiz de improbidades cometidas na Estatal (atenção para as postagens de joão batista de assis pereira ou Assis Pereira) :
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/congresso/bancada-atua-e-zelada-nao-depoe-na-cpmi/#comment-3140218
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/brasil/ajuda-daqui-ajuda-dali/#comments
https://aeciosenador.wordpress.com/2013/04/03/aecio-fhc-promove-encontro-com-empresarios-de-olho-em-2014/#comment-217
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/judiciario/problemas-para-a-petrobras/

Rodrigo Constantino: Professor não é educador: a pedagogia moderna usurpou função que pertence à família

“Nunca deixei que a escola interferisse em minha educação”. (Mark Twain)

Qual é o papel da escola e dos professores? Qual é a distinção entre ensino e educação? Deve o professor assumir um papel de educador, ou sua função é basicamente a de instruir seus alunos com o máximo de conhecimento possível para facilitar seu sucesso no mercado de trabalho?

Estas são questões de fundamental importância, especialmente no momento atual, em que vemos tantos professores se arrogando o papel de educadores, incutindo valores morais (ou imorais) na cabeça de seus alunos, tentando, como colocou o novo ministro da Educação, “conquistar mentes e corações” durante suas aulas.

Historicamente, todo governo autoritário começou tentando enfraquecer a influência da família, instituição que invariavelmente representou um enorme obstáculo às pretensões totalitárias dos tiranos. Usurpar, portanto, o papel de educar os próprios filhos é um objetivo antigo de todo aquele que pretende conquistar o poder e controlar os demais.

Sobre esse assunto, li e recomendo o livro Professor não é educador, de Armindo Moreira. São apenas cem páginas, com algumas pitadas de humor e diálogos entre pais de alunos e diretores ou professores que retratam a mentalidade vigente em nosso país, que confunde instrução com educação.

Moreira foi professor por décadas, em vários países, e conhece a fundo o tema. Seu ponto de vista merece reflexão. Para ele, educar é “promover, na pessoa, sentimentos e hábitos que lhe permitam adaptar-se e ser feliz no meio em que há de viver”. Ou seja, são os valores transmitidos basicamente pela família.

Já instruir é “proporcionar conhecimentos e habilidades que permitam à pessoa ganhar seu pão e seu conforto com facilidade”. Por essa diferença nos conceitos é que conhecemos pessoas instruídas e mal educadas, assim como pessoas analfabetas com educação.

A confusão entre os conceitos interessa, a princípio, aos governantes autoritários. Cabe ao governante, no máximo, oferecer instrução ao povo. Mas sua tentação é trocá-la por educação, pois assim pode mentalizar suas vítimas para que aceitem mais docilmente o fascismo (considerando que o socialismo também seria uma forma de fascismo).

Quem ama, educa, diz o título de um livro de Içami Tiba. E é isso mesmo: educar exige amor, sacrifício, foco no longo prazo, características que normalmente apenas os pais possuem em relação aos seus filhos. “Exigir que o professor seja educador”, diz Moreira, “é exigir que ele ame o aluno”. Como cobrar tal sentimento de um profissional que trabalha em troca de um salário?

“Educar é missão própria dos pais. Mais que pão, os pais devem dar educação aos seus filhos”, escreve. Educar não é tarefa fácil. Não pode ser delegada a qualquer professor, sem falar que o aluno terá, no decorrer de sua vida, inúmeros professores. A educação exige um mínimo de coerência, de consistência. Além disso, é um direito básico dos pais escolher qual tipo de educação seus filhos terão, que valores morais e visões de mundo lhes serão passados.

A tese que transforma o professor em educador pode dar uma aura de prestígio ao professor e um alívio de responsabilidade aos pais, mas prejudica principalmente os alunos. O professor não tem como evitar o fracasso nessa missão, e os pais que delegam tal responsabilidade pagarão com o sofrimento posterior, quando ficar claro que os professores não tinham a capacidade para educar seus filhos.

Educação não é algo que possa ser delegado impunemente. Mas o sonho de todo fascista é assumir essa tarefa no lugar das famílias, para que a menor margem de decisão possível caiba aos indivíduos. E “para que o povo aceite viver nessa condição de pouca ou nenhuma participação no poder, é preciso fazer a cabeça do povo, massificá-lo, ‘ideologizá-lo’”, conclui Moreira. A escola passa a ser um instrumento disso.

Por exemplo: instruir os alunos sobre sexo seria lhes ensinar sobre a anatomia do corpo humano, a fisiologia da reprodução humana, temas científicos necessários para a aprendizagem de todos. Já os juízos de valor sobre o uso do sexo não deveriam ser matéria para sala de aula, pois dão margem ao abuso de autoridade, à imposição de uma ideologia, de um valor moral que ultrapassa os limites do professor e avança sobre os dos pais.

Outro caso claro de interferência ideológica nas salas de aula é a constante repetição de que todos os males são culpa da “sociedade”, eximindo os indivíduos de responsabilidade. Em vários trechos o autor destaca esse tipo de mensagem que se encontra espalhada pelas nossas escolas, por professores que parecem agir mais como militantes de uma ideologia do que como instrutores.

“A culpa é da sociedade”, assim como o análogo “a culpa é do sistema”, significa uma transferência indevida de responsabilidade de agentes concretos para abstrações, uma desculpa perfeita para os criminosos e malfeitores. No entanto, é isso que tem sido dito e repetido por muitos professores em sala de aula. Moreira ironiza: “Fico pensando que o famigerado sistema é o marido da D. Sociedade. Eta! Casalzinho tinhoso…”

Um terceiro exemplo de interferência indevida das ideologias no ensino é o que se chama de “preconceito linguístico”. O papel do professor de Português é ensinar o aluno a ler e a escrever direito. Mas os “educadores” não pensam assim. Muitos defendem o uso de gírias, corruptelas e linguajar chulo como uma maneira legítima de uma pessoa se expressar.

Tais formas de expressão seriam marginalizadas pelos puristas da língua, pela elite preconceituosa. Rejeitá-las “equivale a marginalizar seus usuários – que, em geral, são as pessoas mais pobres”. Pronto! Temos mais um caso de marxismo invadindo a sala de aula, e prejudicando justamente os mais pobres, como sempre. Ao aprender uma língua fora do padrão, incorreta, o aluno carregará para sempre essa limitação e o estigma de incapaz, o que poderá lhe custar o emprego no futuro.

No mais, se não é necessário ensinar o uso correto da língua, então por que precisamos de uma professora com curso superior? Uma zeladora analfabeta poderia fazer igualmente o trabalho, ou até com maior capacidade, já que está mais próxima da “linguagem do povo” (vista, aqui, como a dos menos instruídos). Esse tipo de mentalidade apenas reforça a dicotomia entre “dominados” e “dominantes”, tudo porque esses professores se enxergam como “educadores”, e não como quem deve simplesmente instruir de maneira adequada.

Moreira descreve no livro o que chama de “intelectual subdesenvolvido”. Seria aquele que: 1. opina sobre assunto que não domina; 2. assume cargos para os quais é incompetente; 3. alinha sempre com o mais forte (apesar do discurso contrário); 4. é provinciano, exalta e macaqueia o que se faz em país rico (ainda que adore odiar tais países); 5. produz pouco mas quer salário bom; 6. prega democracia, mas conchava para impor candidato único; 7. prega igualdade, mas luta por privilégios; 8. obedece ao chefe e despreza a Lei. Em seguida, ele pergunta: se houver educadores com estas características, como fica o ensino?

Pois é. Nós, brasileiros, sabemos bem a resposta. Afinal, nosso sistema de ensino está repleto desses “intelectuais subdesenvolvidos” que, ainda por cima, se consideram educadores, em vez de professores. A politização e a ideologização de nosso ensino é um dos grandes males que assolam o país e ameaçam nosso futuro. Para Moreira, é preciso “subtrair o ensino à influência dos governos”. E ele vai além: “Deveria desaparecer o Ministério da Educação”.


Quando lembramos que alguém como Renato Janine, o professor de Ética que defende os corruptos do PT, é o ministro da Educação, e que alguém com este perfil poderá estar educando os nossos filhos, só podemos concordar com o professor Moreira. Chega de educação estatal. O que queremos é instrução de boa qualidade, e deixem que da educação cuidamos nós, os pais!

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Lucas Berlanza: Quem não foi comunista na juventude… começou bem!

Há um pensamento que é constantemente repetido por figuras das mais admiráveis, como Carlos Lacerda, Winston Churchill e, recentemente, o jornalista e colunista de Veja, Reinaldo Azevedo. Varia; uns dizem que a citação é “quem não foi comunista até os vinte anos não tem coração, quem é depois dos trinta não tem juízo”. Outros preferem “quem não foi comunista aos dezoito”. Pouco importa; a mensagem é clara. O espírito da juventude reclamaria os anseios e delírios utopistas do socialismo. Seria natural e esperável que os mais jovens abraçassem esse gênero de estupidez, contanto que, depois, modificassem suas disposições e compreendessem os limites impostos pela realidade.

A frase é de impacto, mas, levada ao pé da letra, significaria uma perda substancial para os esforços por construir um movimento social de convicções liberais, vedando ao potencial da juventude a condição ontológica para participar do processo. Não há como negar que, à juventude, liga-se o entusiasmo e, com ele, seus riscos; porém, em defesa dos meus pares - posto que sou, eu mesmo, um jovem  -, sinto-me no dever de pontuar que há também as possíveis qualidades.

Nelson Rodrigues tinha uma visão que soava bem negativa da juventude. Dizia que “o jovem, justamente por ser mais agressivo e ter uma potencialidade mais generosa, é muito suscetível ao totalitarismo. A vocação do jovem para o totalitarismo, para a intolerância, é enorme. Eu recomendo aos jovens: envelheçam depressa, deixem de ser jovens o mais depressa possível; isto é um azar, uma infelicidade”. Essas declarações não são, no entanto, tudo que o velho Nelson tinha a dizer sobre o assunto. Ele foi mais claro e positivo quando disse: “eu amo a juventude como tal. O que eu abomino é o jovem idiota, o jovem inepto, que escreve nas paredes ‘É proibido proibir’ e carrega cartazes de Lênin, Mao, Guevara e Fidel, autores de proibições mais brutais”.

Está evidente que o homem que se gabava de ser “anticomunista desde os onze anos” - tendo conseguido a rara proeza de ser paparicado por certa “intelectualidade” ou classe artística de esquerda brasileira, a despeito de suas posições francamente “reacionárias” - não pretenderia ser tão literal. Não creio seja justo assumir que estejamos, os jovens, condenados a uma idiotice totalitária que apenas o tempo poderia curar, e que o entusiasmo que costuma caracterizar essa fase necessariamente implique a incapacidade de negociar com o mundo em vez de desejar ardentemente impor sobre ele as suas imaturas imagens de ideal.

Quero lançar aqui, em interesse próprio, um manifesto: “quem não foi comunista até os vinte, até os dezoito, até os onze, até os dez, até a barriga da mãe”, começou bem! Desde logo, desde que começamos a formar nossas convicções, podemos e devemos dar ouvidos à experiência transmitida pelos mais velhos, pela realidade e pelo tempo, sem abdicar da paixão que nos pode mover na defesa de nossas ideias. Quem a abandona por completo? Pode ser ela a face boa do entusiasmo juvenil, se bem disciplinada e conduzida.  Paixão e entusiasmo são como corcéis; se você não os controlar, podem levá-lo à queda do precipício. Se os dominar, podem ajuda-lo a correr para o objetivo, sem necessariamente voar em direção ao impossível.

Os jovens são uma parcela importante da sociedade. Urge difundir entre eles a consciência da importância da individualidade, da liberdade, a fim de que não sejam presas fáceis dos atalhos delirantes oferecidos pelas propostas totalitárias - situação de que, ao contrário do que creem alguns, não é algo fácil se desgarrar depois. Principalmente quando o jovem, vitimado pela ânsia coletivista de ser “aceito pelo grupo” - normalmente, um grupo de “esquerdistas caviar”, como diria Rodrigo Constantino -, se submete aos seus abusos, ainda que não esteja convicto dos princípios insanos que abraça. Daí, para sair, é difícil.

Já o dizia um dos personagens que evocamos ao começo: Carlos Lacerda. Em O Poder das Ideias, obra em que estão reunidos artigos que expõem seu pensamento político, diz ele:

“Tornei-me um exemplo perigoso, o do sectário que deixou a seita, o do que encontrou um modo de recuperar a liberdade, a despeito de todas as intimidades; o do simpatizante que passou a antipatizante. Por isto farão tudo por destruir esse exemplo, com a ajuda daqueles que ainda consideram o comunismo somente uma ideia e não sabem que ele é principalmente uma vasta, total, permanente conspiração. Pior do que tudo: uma conspiração para destruir a consciência. Procedíamos como idealistas, mas automatizados. Hoje, a própria palavra ideal, a muitos parecerá confusa, pois o que conta para eles é o êxito. (…) Atuam como ventríloquos de si mesmos, obrigam-se a emprestar ideias e até gramática aos aventureiros e desonestos para os quais o comunismo, hoje, como ontem o fascismo, é um pretexto para tomar a carteira do público, enquanto o público, de nariz para cima, contempla, cintilante, a Ideologia.”


Não contemplemos a Ideologia, não sejamos o jovem idiota que clama por liberdade em abstração, enquanto se reúne em grupos nas ruas, portando bandeiras que clamam pela escravidão, pelo Caminho da Servidão. Sejamos o jovem que não tem medo de se desgarrar do coletivo acéfalo, que se atreve a pensar, e com isso, secunda um movimento muito mais importante: aquele que pode nos emancipar como pessoas, como povo e como nação. Quanto mais cedo acordarmos, melhor; não deixaremos de ter coração por causa disso.