Em janeiro de 2009, o Tribunal de Contas da União constatou que foi estabelecido, nos Jogos Pan-americanos do Rio, um recorde de espantar qualquer especialista internacional em desvio de verbas: o superfaturamento chegou a 1.000% de altitude. Graças a proezas semelhantes, os organizadores do Pan-2007, liderados por um aparente zero à esquerda, operaram o milagre da multiplicação do zero à direita.
Em 4 de abril de 2006, quando Orlando Silva virou ministro do Esporte, o evento estava orçado em R$ 386 milhões. Em parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro e a prefeitura carioca, o representante do PCdoB no primeiro escalão conseguiu torrar 10 vezes mais. Orlando Silva continua ministro. O paradeiro de boa parte dos R$ 4 bilhões continua ignorado.
Num país menos cafajeste, o campeão da gastança teria sido prontamente demitido. No Brasil da Era Lula, ficou melhor no retrato. Acampado no mesmo gabinete, administra no momento a catarata de verbas federais destinadas à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016. Há estádios a construir, baías a despoluir, metrôs a prolongar, um mundaréu de inaugurações de araque a promover ─ até aeroportos a reformar, sabe-se agora. O que não há é tempo a perder.
Nesta quarta-feira, Silva apareceu no Congresso para avisar que 13 aeroportos precisam ser remodelados em regime de urgência urgentíssima. Como licitações são demoradas, melhor esquecer normas, regras, leis e outras mesquinharias. Melhor deixar por conta dos supercartolas a escolha das empresas que embolsarão, em conjunto, R$ 4 bilhões. Isso mesmo. Sem ter explicado que fim levaram aqueles R$ 4 bilhões, Orlando Silva vai distribuir outros R$ 4 bilhões.
Durante o governo Medici, o ministro Mário Henrique Simonsen, encarregado de proteger o cofre, espantou-se com a gula do colega Mário Andreazza, ansioso por esvaziá-lo. “Ele pede tanto dinheiro e com tanta frequência que sugeri a criação de uma unidade monetária chamada andreazza”, divertia-se Simonsen. “Um andreazza valeria 1 trilhão de cruzeiros. Não muda nada, mas pelo menos a gente lida com menos zeros”.
O governo resolveu incorporar à capitania de Orlando Silva, que usa cartão corporativo até para comprar tapioca, uma certa Autoridade Pública Olímpica. Ficaria mais barato homenagear o fabricante de despesas duvidosas com a ideia de Simonsen. Lula deve criar imediatamente o orlando. Um orlando hoje estaria cotado em 4 bilhões de reais. Pode até valer um pouco mais em transações nas catacumbas de Brasília. Só sairá de circulação quando a Justiça começar a funcionar, o camburão estacionar do outro lado da rua e a gatunagem engravatada aumentar a população carcerária.
Em 4 de abril de 2006, quando Orlando Silva virou ministro do Esporte, o evento estava orçado em R$ 386 milhões. Em parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro e a prefeitura carioca, o representante do PCdoB no primeiro escalão conseguiu torrar 10 vezes mais. Orlando Silva continua ministro. O paradeiro de boa parte dos R$ 4 bilhões continua ignorado.
Num país menos cafajeste, o campeão da gastança teria sido prontamente demitido. No Brasil da Era Lula, ficou melhor no retrato. Acampado no mesmo gabinete, administra no momento a catarata de verbas federais destinadas à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016. Há estádios a construir, baías a despoluir, metrôs a prolongar, um mundaréu de inaugurações de araque a promover ─ até aeroportos a reformar, sabe-se agora. O que não há é tempo a perder.
Nesta quarta-feira, Silva apareceu no Congresso para avisar que 13 aeroportos precisam ser remodelados em regime de urgência urgentíssima. Como licitações são demoradas, melhor esquecer normas, regras, leis e outras mesquinharias. Melhor deixar por conta dos supercartolas a escolha das empresas que embolsarão, em conjunto, R$ 4 bilhões. Isso mesmo. Sem ter explicado que fim levaram aqueles R$ 4 bilhões, Orlando Silva vai distribuir outros R$ 4 bilhões.
Durante o governo Medici, o ministro Mário Henrique Simonsen, encarregado de proteger o cofre, espantou-se com a gula do colega Mário Andreazza, ansioso por esvaziá-lo. “Ele pede tanto dinheiro e com tanta frequência que sugeri a criação de uma unidade monetária chamada andreazza”, divertia-se Simonsen. “Um andreazza valeria 1 trilhão de cruzeiros. Não muda nada, mas pelo menos a gente lida com menos zeros”.
O governo resolveu incorporar à capitania de Orlando Silva, que usa cartão corporativo até para comprar tapioca, uma certa Autoridade Pública Olímpica. Ficaria mais barato homenagear o fabricante de despesas duvidosas com a ideia de Simonsen. Lula deve criar imediatamente o orlando. Um orlando hoje estaria cotado em 4 bilhões de reais. Pode até valer um pouco mais em transações nas catacumbas de Brasília. Só sairá de circulação quando a Justiça começar a funcionar, o camburão estacionar do outro lado da rua e a gatunagem engravatada aumentar a população carcerária.