Os ministros do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski
e Dias Toffoli são a prova viva de que a revolução companheira triunfará. Dois
advogados medíocres, cultivados à sombra do poder petista para chegar onde
chegaram, eles ainda poderão render a Luiz Inácio da Silva o Nobel de Química:
possivelmente seja o primeiro caso comprovado de juízes de laboratório. No
julgamento do mensalão, a atuação das duas criaturas do PT vem provar, ao vivo,
que o Brasil não precisa ter a menor inveja do chavismo. Alguns inocentes
chegaram a acreditar que Dias Toffoli se declararia impedido de votar no
processo do mensalão, por ter advogado para o PT durante anos a fio. Participar
do julgamento seria muita cara de pau, dizia-se nos bastidores. Ora, essa é
justamente a especialidade da casa. Como um sujeito que só chegou à corte
suprema para obedecer a um partido iria, na hora h, abandonar sua missão
fisiológica? A desinibição do companheiro não é pouca. Quando se deu o
escândalo do mensalão, Dias Toffoli era nada menos do que subchefe da
assessoria jurídica de José Dirceu na Casa Civil. Os empréstimos fictícios e
contratos fantasmas pilotados por Marcos Valério, que segundo o processo eram
coordenados exatamente da Casa Civil, estavam portanto sob as barbas
bolivarianas de Dias Toffoli. O ministro está julgando um processo no qual
poderia até ser réu.
A desenvoltura da dupla Lewandowski-Toffoli, com seus
cochichos em plenário e votos certeiros, como na absolvição ao companheiro
condenado João Paulo Cunha, deixariam Hugo Chávez babando de inveja. O ditador
democrata da Venezuela nem precisa disso, mas quem não gostaria de ter em casa
juízes de estimação? A cena dos dois ministros teleguiados conchavando na corte
pela causa petista, como super-heróis partidários debaixo de suas capas pretas,
não deixa dúvidas: é a dupla Batman e Robin do fisiologismo. Santa desfaçatez.
Já que o aparelhamento das instituições é inevitável, e que um dia seremos
todos julgados por juízes de estrelinha na lapela, será que não dava para o
estado-maior petista dar uma caprichada na escolha dos interventores? Seria
coincidência, ou esses funcionários da revolução têm como pré-requisito a
mediocridade?
Como se sabe, antes da varinha de condão de Dirceu, Dias
Toffoli tentou ser juiz duas vezes em São Paulo e foi reprovado em ambas. Aí
sua veia revolucionária foi descoberta e ele não precisou mais entrar em
concursos – essa instituição pequeno-burguesa que só serve para atrasar os
visionários. Graças ao petismo, Toffoli foi ser procurador no Amapá, e depois de
advogar em campanhas eleitorais do partido alçou voo à Advocacia-Geral da União
– porque lealdade não tem preço e o Estado são eles. É claro que uma carreira
brilhante dessas tinha que acabar no Supremo Tribunal Federal.
O advogado Lewandowski vivia de empregos na máquina
municipal de São Bernardo do Campo. Aqui, um parêntese: está provado que as
máquinas administrativas loteadas politicamente têm o poder de transformar
militantes medíocres em grandes personalidades nacionais – como comprova a
carreira igualmente impressionante de Dilma Rousseff. Lewandowski virou juiz
com uma mãozinha do doutor Márcio Thomaz Bastos, ex-advogado de Carlinhos
Cachoeira, que enxergou o potencial do amigo da família de Marisa Letícia,
esposa do bacharel Luiz Inácio. Desembargador obscuro, sem nenhum acórdão digno
de citação em processos relevantes, Lewandowski reuniu portanto as credenciais
exatas para ocupar uma cadeira na mais alta esfera da Justiça brasileira. Suas
diversas manobras para tumultuar o julgamento do mensalão enchem de orgulho
seus padrinhos. A estratégia de fuzilar o cachorro morto Marcos Valério, para
depois parecer independente ao inocentar o mensaleiro João Paulo, certamente
passará à antologia do Supremo – como um marco da nova Justiça com prótese
partidária.
O julgamento prossegue, e os juízes do PT no STF sabem que o
que está em jogo é a integridade (sic) do esquema de revezamento Lula-Dilma no
Planalto. Dependendo da quantidade de cabeças cortadas, a platéia pode começar
a sentir o cheiro dos subterrâneos da hegemonia petista. Batman e Robin darão o
melhor de si.