Muitos alunos de universidade e ensino médio estão sendo
acuados em sala de aula por recusarem a pregação marxista. São reprovados em
trabalhos ou taxados de egoístas e insensíveis. No Enem, questões ideológicas
obrigam esses jovens a “fingirem” que são marxistas para não terem resultados
ruins. Estamos entrando numa época de trevas no país. O bullying ideológico com
os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior. Vejamos.
No cenário geral, desde a maldita ditadura, colou no país a
imagem de que a esquerda é amante da liberdade. Mentira. Só analfabeto em
história pensa isso. Também colou a imagem de que ela foi vítima da ditadura.
Claro, muitas pessoas o foram, sofreram terríveis torturas e isso deve ser
apurado. Mas, refiro-me ao projeto político da esquerda. Este se saiu muito bem
porque conseguiu vender a imagem de que a esquerda é amante da liberdade,
quando na realidade é extremamente autoritária.
Nas universidades, tomaram as ciências humanas,
principalmente as sociais, a ponto de fazerem da universidade púlpito de
pregação. No ensino médio, assumem que a única coisa que os alunos devem
conhecer como “estudo do meio” é a realidade do MST, como se o mundo fosse
feito apenas por seus parceiros políticos. Demonizam a atividade empresarial
como se esta fosse feita por criminosos usurários. Se pudessem, sacrificariam
um Shylock por dia.
Estamos entrando num período de trevas. Nos partidos
políticos, a seita tomou o espectro ideológico na sua quase totalidade. Só há
partidos de esquerda, centro-esquerda, esquerda corrupta (o que é normalíssimo)
e do “pântano”. Não há outra opção.
A camada média dos agentes da mídia também é bastante tomada
por crentes. A própria magistratura não escapa da influência do credo em
questão. Artistas brincam de amantes dos “black blocs” e se esquecem que tudo
que têm vem do mercado de bens culturais. Mas o fato é que brincar de
simpatizante de mascarado vende disco.
Em vez do debate de ideias, passam à violência difamatória,
intimidação e recusam o jogo democrático em nome de uma suposta santidade
política e moral que a história do século 20 na sua totalidade desmente. Usam
táticas do fascismo mais antigo: eliminar o descrente antes de tudo pela
redução dele ao silêncio, apostando no medo.
Mesmos os institutos culturais financiados por bancos
despejam rios de dinheiro na formação de jovens intelectuais contra a sociedade
de mercado, contra a liberdade de expressão e a favor do flerte com a violência
“revolucionária”. Além da opção dos bancos por investirem em intelectuais da
seita marxista (e suas similares), como a maioria esmagadora dos departamentos
de ciências humanas estão fechados aos não crentes, dezenas de jovens não
crentes na seita marxista soçobram no vazio profissional.
Logo quase não haverá resistência ao ataque à democracia
entre nós. A ameaça da ditadura volta, não carregada por um golpe, mas erguida
por um lento processo de aniquilamento de qualquer pensamento possível contra a
seita.
E aí voltamos aos alunos. Além de sofrerem nas mãos de
professores (claro que não se trata da totalidade da categoria) que acuam os
não crentes, acusando-os de antiéticos porque não comungam com a crença “cubana”,
muitos desses jovens veem seu dia a dia confiscado pelo autoritarismo de
colegas que se arvoram em representantes dos alunos ou das instituições de
ensino, criando impasses cotidianos como invasão de reitorias e greves votadas
por uma minoria que sequestra a liberdade da maioria de viver sua vida em paz.
Muitos desses movimentos são autoritários, inclusive porque
trabalham também com a intimidação e difamação dos colegas não crentes. Pura
truculência ideológica. Como estes não crentes não formam um grupo, não são
articulados nem têm tempo para sê-lo, a truculência dos autoritários faz um
estrago diante da inexistência de uma resistência organizada. Recebo muitos
e-mails desses jovens. Um deles, especificamente, já desistiu de dois cursos de
humanas por não aceitar a pregação. Uma vergonha para nós.