Teste de história para o 3o ano do ensino médio,
numa escola particular do Rio de Janeiro bem colocada no ranking acadêmico:
“O presidente eleito (FHC) governou o Brasil por dois
mandatos, iniciando a consolidação da política neoliberal no país, principiada
pelos presidentes Collor e Itamar Franco. Sobre os dois mandatos (1995-2002),
pode-se afirmar que se caracterizam:
e) pelo limitado crescimento econômico; privatização das
empresas estatais; diminuição do tamanho do Estado; e apagão energético, que
levou ao racionamento e ao aumento do custo da energia.”
A alternativa “e”, acima, é a resposta correta, segundo o
professor que aplicou o teste. As quatro alternativas erradas são recheadas de
bondades sociais, naturalmente identificadas pelos isentos elaboradores do
teste com os governos do PT - muito distantes das maldades neoliberais de FHC.
É muito grave o que acontece no Brasil. Um arrastão que mistura má-fé e
credulidade empreende uma lavagem cerebral no país.
Vamos repetir o termo, para destacá-lo da frase anterior,
que ficou um pouco longa: lavagem cerebral.
O exemplo acima é um retrato triste, vergonhoso, do que se
passa nas bases da civilização brasileira. A transmissão do conhecimento no
Brasil está empesteada pelo vírus ideológico - aquele que sabota a cultura e
prostitui a verdade. Nada, absolutamente nada, pode ser mais grave para uma
civilização. A quebra da confiança no saber destrói uma sociedade. Quando os
monstros nazistas e comunistas foram pegos na mentira, o flagelo social já
estava consumado - com a complacência da coletividade.
O PT caminha para 16 anos no poder. Engana-se quem vê
inflação e recessão como os piores produtos de uma gestão desonesta. O pior
produto é o envenenamento das instituições - gradual, sorrateiro, letal. O
brasileiro, esse ser dócil, acha que o julgamento do mensalão foi um filme de
época. Recusa-se a perceber que aquele golpe (submeter o patrimônio público a
interesses partidários) se aprofunda há 12 anos. O PT montou uma diretoria na
Petrobras para a sucção bilionária do dinheiro do contribuinte. Qual é o grande
escudo para mais esse assalto?
É a lavagem cerebral. O Brasil engole o assalto petista
porque está embriagado dos clichês de bondade, associados aos heróis da
vagabundagem. Eles são administrativamente desastrosos e contam com grande
elenco de pilantras condenados, mas pelo menos não são “neoliberais de direita”.
É esse o truque tosco do teste escolar aqui citado.
O que é uma “política neoliberal”, prezados mestres da
panfletagem? Por acaso vocês se referem à abertura econômica do país, com o
avanço de prosperidade dela advindo? Claro que não. Vocês citaram “neoliberal”
como um palavrão, cuspido pelo filho do Brasil num desses palanques em que ele
mora. Vocês não têm nem uma pontinha de vergonha de resumir os anos FHC a um “limitado
crescimento econômico” - tendo sido esse o governo que deu ao Brasil uma moeda
de verdade?
Não, Ok. Vocês não têm vergonha de nada. Nem de escrever
que, nesse período, se deu “a privatização das empresas estatais”. Como assim?
Todas? Acrescentem ao menos: com exceção de empresas como Petrobras, Correios e
Banco do Brasil, que permaneceram públicas para que os companheiros pudessem
fazer nelas seus negócios privados. Vocês também poderiam, prezados mestres da
educação brasileira, escrever que FHC privatizou a telefonia agonizante e,
assim, melhorou a vida dos pobres. Não, desculpem: os pobres pertencem a vocês,
e a seus patrões petistas. “Privatização das empresas estatais” - mais um
palavrão ideológico, cuspido nos ouvidos de estudantes adolescentes. Prezados
professores: vocês são uns covardes.
Nem merece retificação a referência ao “apagão” - que só
aconteceu nas suas mentes obscuras. O que vocês devem admirar é a mentira
progressista das tarifas de energia e gasolina, que finge dar ao consumidor o
que rouba do contribuinte. Ou os truques da contabilidade criativa e do
adestramento de dados no Ipea e no IBGE.
O país é hoje comido por dentro. Só passará no vestibular se
responder a uma questão, antes de qualquer outra: Dilma sabia ou não sabia do
petrolão? Tapem os ouvidos, prezados lavadores de cérebros.