O general Ion Mihai Pacepa é o oficial soviético de mais
alta patente que recebeu asilo político nos Estados Unidos. No Natal de 1989,
Ceausescu e a sua esposa foram executados após um julgamento no qual as
acusações eram, quase palavra por palavra, extraídas do seu livro “Red
Horizons”, subsequentemente traduzido para 27 idiomas.
Hollywood se despede de 2009 com uma fraude monumental: o
épico Che, de Steven Soderbergh, com quatro horas de duração, em Castelhano,
transformando um assassino marxista sádico num, de acordo com o New York Times,
“genuíno revolucionário durante as estações do seu martírio”. [1] A palavra
“estações” faz referência a Cristo nas Estações do Calvário – a Via
Crucis. O protagonista do filme, Benicio
del Toro, realmente comparou “o herói revolucionário cubano Ernesto Che
Guevara” a Jesus Cristo. [2]
O Che de Soderbergh é uma ficção criada pela comunidade KGB,
da qual fez parte o serviço de espionagem romeno ao qual pertenci – o DIE –
numa época que me coloca diretamente na trama. O Che real foi um assassino que
comandou pelotões de fuzilamento comunistas e fundou o terrível gulag cubano.
Foi também um covarde que obrigou os outros a lutar até a morte pela causa
comunista e que mandou para o patíbulo centenas de pessoas que se recusaram a
fazê-lo, mas que se rendeu sem luta ao exército boliviano embora estivesse
armado até os dentes. “Não me matem” implorou Che aos seus captores. “Valho
mais vivo do que morto”. [3] O filme de Soderbergh omite este episódio – o qual
demoliria o seu Che.
Eu poderia escrever um livro sobre como o terrorista Che foi
transformado num ídolo esquerdista inspirador – como um belo príncipe emergindo
lindamente de uma repulsiva lagarta – e pode ser que o faça algum dia. Por
enquanto, aqui vai um resumo de como a KGB criou o seu Che de ficção.
Na década de 1960, a popularidade do bloco soviético estava
em baixa. A brutal repressão soviética ao levante húngaro de 1956 e o seu papel
na crise dos mísseis cubanos de 1962 enojaram o mundo, e cada um dos ditadores
dos países satélites soviéticos tentou se safar como pôde. Khrushchev
substituiu a “imutável” teoria marxista-leninista da revolução proletária
mundial pela política de coexistência pacífica e fingiu ser um defensor da paz.
Dubcek apostou num “socialismo com face humana” e Gomulka no lema “deixe a
Polônia ser a Polônia”. Ceausescu proclamou a sua “independência” de Moscou e
se retratou como um “dissidente” dentre os líderes comunistas.
Os irmãos Castro, que temiam qualquer tipo de liberalização,
decidiram apenas maquiar, com uma romântica fachada revolucionária, o seu
comunismo desastroso que estava matando o país de fome. Escolheram Che como
garoto propaganda, já que ele havia sido executado na Bolívia – na época um
aliado dos EUA – e assim podia ser retratado como um mártir do imperialismo
americano.
A “Operação Che” foi lançada mundialmente pelo livro
“Revolution in the Revolution” – uma cartilha para insurreição guerrilheira
comunista escrito pelo terrorista francês Régis Debray – que elevou Che aos
altares. Debray dedicou a sua vida a exportar a revolução estilo cubano por
toda a América Latina; em 1967, entretanto, uma unidade das forças especiais
bolivianas treinada pelos EUA o capturou, juntamente com todo o bando
guerrilheiro de Che.
Che foi sentenciado à morte e executado por terrorismo e
assassinato em massa. Debray foi sentenciado a 30 anos de prisão mas foi
libertado depois de três anos devido à intervenção do filósofo francês Jean
Paul Sartre, um comunista romanticamente envolvido com a KGB, que também era o
ideólogo do bando terrorista Baader-Meinhof. Sartre aclamou Che Guevara como “o
ser humano mais completo do nosso tempo”. [4] Em 1972, Debray retornou à
França, onde trabalhou como conselheiro para a América Latina do presidente
François Mitterrand, e dedicou o resto da vida a disseminar o ódio contra os
Estados Unidos.
Em 1970, os irmãos Castro elevaram a santificação de Che a
um novo patamar. Alberto Korda, oficial da inteligência cubana trabalhando
secretamente como fotógrafo para o jornal cubano Revolución, produziu uma foto
romantizada de Che. Aquele Che agora famoso, com longos cabelos ondulados e
usando uma boina com estrela, olhando diretamente nos olhos de quem o vê, é o
logo de propaganda do filme de Soderbergh.
É de se notar que esta foto de Che foi apresentada ao mundo
por um agente da KGB trabalhando secretamente como escritor – I. Lavretsky –,
num livro intitulado “Ernesto Che Guevara”, editado pela KGB. [5] A KGB chamou
a foto de “Guerrillero Heroico” e a espalhou por toda a América do Sul – área
de influência de Cuba. O editor milionário italiano Giangiacomo Feltrinelli,
outro comunista romanticamente envolvido com a KGB, inundou o resto do mundo
com a imagem de Che impressa em cartazes e camisetas. O próprio Feltrinelli
virou terrorista e foi morto em 1972 enquanto plantava uma bomba nos arredores
de Milão.
Ouvi o nome de Che pela primeira vez em 1959, da boca do
general Aleksandr Sakharovsky, antigo chefe da inteligência soviética e
conselheiro para a Romênia, que mais tarde dirigiu a “revolução” dos Castro e
foi recompensado com a promoção a chefe da toda-poderosa organização de
inteligência estrangeira soviética, posição que manteve por quinze anos. Ele
chegou a Bucareste com o seu chefe, Nikita Khrushchev, para conferências sobre
Berlim Oriental e sobre a “nossa Gayane cubana”. Gayane era o codinome geral
para a operação de sovietização da Europa Oriental.
Na época, a burocracia soviética acreditava que Fidel Castro
era apenas mais um aventureiro, e relutava em apoiá-lo. Mas Sakharovsky havia
ficado impressionado com a devoção ao comunismo do irmão de Fidel, Raul, e do
seu tenente, Ernesto Guevara, e fez deles os principais protagonistas da “nossa
Gayane cubana”. Os dois foram levados a Moscou para serem doutrinados e
treinados, e ganharam um conselheiro da KGB.
De volta a Sierra Maestra, Che provou ser um verdadeiro
assassino sangue frio nos moldes da KGB – responsável pela morte de mais de 20
milhões de pessoas apenas na União Soviética. “Meti uma bala de calibre 32 no
lado direito do seu cérebro, que vazou por toda a têmpora” escreveu Che no seu
diário, descrevendo a execução de Eutimio Guerra, um “traidor da Revolução”, a
quem matou em fevereiro de 1957. [6] Guerra era a sétima pessoa a quem Che
matara. “Para enviar homens para o pelotão de fuzilamento não é preciso provas
judiciais”, explicou. “Estes procedimentos são detalhes burgueses obsoletos.
Isso aqui é uma revolução! E uma revolução deve se tornar uma fria máquina de
matar movida por puro ódio.” [7]
No dia 1° de janeiro de 1959, a “Gayane cubana” venceu, e a
KGB encarregou Che de limpar Cuba dos “anti-revolucionários”. Milhares de pessoas foram enviadas para “el
paredón”. Javier Arzuaga, capelão da prisão Al Cabaña no início de 1959,
escreveu em seu livro “Cuba 1959: La Galeria de la Muerte” ter testemunhado “o
criminoso Che” ordenando a execução de cerca de duzentos cubanos inocentes.
“Argumentei diversas vezes com Che a favor dos prisioneiros. Lembro-me
especialmente de Ariel Lima, um garoto de apenas 16 anos. Che estava obstinado.
Fiquei tão traumatizado que em maio de 1959 recebi ordens para deixar a
paróquia Casa Blanca, onde ficava La Cabaña … Fui para o México receber
tratamento.” [8]
De acordo com Arzuaga, as últimas palavras de Che para ele
foram: “Quando tirarmos nossas máscaras, seremos inimigos”. [9] É hora de tirar
a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face. O Memorial Cubano
no Parque Tamiami, em Miami, contém centenas de cruzes, cada uma com o nome de
uma pessoa identificada, vítima do terror comunista de Raul e Che. [10]
Também é tempo de interromper a mentira de trinta anos,
reforçada pelo filme de Soderbergh, de que os irmãos Castro e o seu carrasco
Che eram nacionalistas independentes. Em 1972, eu estava presente a um discurso
de seis horas no qual Fidel pregou a mesma mentira. No dia seguinte, fui a uma
pescaria com Raul. Havia outro convidado no barco, um soviético que se
apresentou como Nikolay Sergeyevich. O meu colega cubano, Sergio del Valle,
sussurrou no meu ouvido “Aquele é o coronel Leonov”. Anteriormente, ele já
havia explicado para mim que Leonov era conselheiro da KGB para Raul e Che nas
décadas de 1950 e 1960. Lá, naquele barco, para mim ficou claro como nunca que
a KGB estava nas rédas da carruagem revolucionária dos Castro. Dez anos mais
tarde, Nikolay Leonov foi recompensado por seu trabalho de manipulação de Raul
e Che com a promoção a general e representante chefe de toda a KGB.
Na década de 1970, a KGB era um estado dentro do estado.
Hoje, a KGB, renomeada de FSB, é o estado na Rússia, e o Che de Soderbergh é o
maná dos céus para os representanes dela na América Latina. Meses atrás, duas
marionetes do Kremlin – Hugo Chávez e Evo Morales – expulsaram, no mesmo dia,
os embaixadores americanos de seus países. Milhares de pessoas carregando o
retrato do Che de Soderbergh tomaram as ruas pedindo a proteção militar russa.
Navios de guerra russos estão de volta a Cuba – e, mais recentemente, chegaram
à Venezuela – pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubanos.
“A fraude trabalha como cocaína” costumava dizer para mim
Yury Andropov, o pai da contemporânea era russa da fraude, quando ele era chefe
da KGB. Em seguida, explicava: “Se você cheirar uma ou duas vezes, não mudará a
sua vida. Mas, se você usá-la dia após dia, ela fará de você um viciado, um
homem diferente”. Mao tinha a sua própria frase: “Uma mentira repetida centenas
de vezes vira verdade”. O filme de Soderbergh sobre Che prova que ambos estavam
certos.
Notas:
[1] A. O.
Scott, “Saluting the Rebel Underneath the T-Shirt,” The New York Times, December
12, 2008.
[2]
Guillermo I. Martínez, “Guevara biopic belies his ruthlessness,” The Sun
Sentinel, January 1, 2009, p. 13A.
[3] Idem.
[4] Idem.
[5] I.
Lavretsky, “Ernesto Che Guevara, “Progress Publishers, 1976, ASIN B000B9V7AW,
p. 5. Initially published in Russian in 1973.
[6] Matthew
Campbell, “Behind Che Guevara mask, the cold executioner,”The Sunday Times,
September 16, 2007.
[7] Mark
Goldblath, “Revenge of Che: no amount of Hollywood puferry will change the fact
that commies aen’t cool,” The Wall Street Journal, December 19, 2008.
[8] “The
Infamous Firing Squads,” p. 1, as published in
http://therealcuba.com/page5.htm.
[9] Idem.
[10] Ibidem.