O Rio é vítima de uma verdadeira praga: a “esquerda caviar”,
formada por parte da elite financeira e cultural do país. Seus membros posam de
altruístas enquanto louvam ditadores sanguinários como Fidel Castro. Do
conforto de seus apartamentos em Paris, porque ninguém é de ferro.
Roberto Campos fez um diagnóstico preciso da árvore
genealógica da turma, ao afirmar que “trata-se de filhos de Marx numa transa
adúltera com a Coca-Cola”. Somente isso pode explicar a esquizofrenia de nossos
artistas e intelectuais de esquerda, que admiram o socialismo, mas adoram também
três coisas que só o capitalismo sabe dar: “Bons cachês em moeda forte,
ausência de censura e consumismo burguês”.
Um cínico poderia dizer que a hipocrisia é útil.
Aproximando-se do poder, esses intelectuais conseguem privilégios e mamatas. A
Petrobras, por exemplo, destinou a bagatela de R$ 652 milhões para patrocínios
culturais entre 2008 e 2011. É uma montanha de dinheiro capaz de testar a
integridade até mesmo de um santo!
Mas não creio ser apenas isso. Acredito que um dos fatores
tem ligação com o sentimento de culpa dessa elite. E convenhamos: nada como uma
elite culpada tentando expiar seus “pecados”. Com que facilidade ela adere aos
discursos mais sensacionalistas e demagógicos. Chega a dar dó. Em um país que
culturalmente condena o lucro e enxerga a economia como um jogo de soma zero,
onde José, para ficar rico, precisa tirar de João, o sucesso acaba sendo uma
“ofensa pessoal”, como disse Tom Jobim. Essa visão é um prato cheio para
produzir uma elite culpada e desesperada para pregar aos quatro ventos as
“maravilhas” do socialismo.
Por isso vemos cineastas herdeiros de banco fazendo filmes
que enaltecem guerrilheiros comunistas. Por isso vemos filhos de grandes
escritores lambendo as botas de tiranetes latino-americanos. Imagem é tudo.
E estas pobres almas acreditam que, ao louvarem a ideologia
que quer destruí-los, conquistarão a fama de abnegados e descolados. Como é
fácil falar que o capitalismo não presta quando se é milionário!
Joãozinho Trinta foi no alvo quando disse que os
intelectuais é que gostam de miséria, pois os pobres gostam é de luxo. Nada
mais natural do que desejar melhorar as condições de vida. E nada melhor para
isso do que o trabalho duro em um ambiente de livre mercado. Lucro e trabalho
são sócios nesta empreitada. O grande obstáculo é justamente o governo inchado,
obeso, que cria burocracia asfixiante e arrecada quase 40% do que é produzido
em nome da “justiça social”.
Quem labuta para criar riqueza e subir na vida não tem tempo
para “salvar o planeta” ou construir “um mundo melhor”. Estas são as bandeiras
da esquerda festiva, dos artistas que, do conforto de suas mansões, adoram
detonar o capitalismo enquanto desfrutam de tudo de bom que só ele pode
oferecer.
Sobre a seita ambientalista, aliás, recomendo a leitura do
excelente livro “Os Melancias”, de James Delingpole. A máscara dos alarmistas
climáticos que fazem ecoterrorismo cai por completo, expondo a verdadeira face
vermelha por trás do movimento verde.
Mas divago. Eis o que eu realmente queria dizer: boa parte
da elite carioca gosta de defender candidatos socialistas com discursos
messiânicos. Entre uma cerveja e outra, essa turma esbraveja contra os ricos
capitalistas e repete como sua utopia salvaria a humanidade das garras dos
gananciosos e insensíveis. Depois voltam para seu conforto egoísta com a alma
lavada. A retórica vale mais que atos concretos. Garçom, mais uma cerveja!