De uns tempos para cá, as expressões “extrema direita” e
“ultradireita” passaram a ser usadas para carimbar com o estigma do
nazifascismo qualquer cidadão ou grupo que se oponha ao abortismo, ao casamento
gay ou à proibição de opiniões religiosas na vida pública. Opiniões
majoritárias, consagradas pelo uso universal e incorporadas de há muito na
prática democrática das nações civilizadas, são assim, repentinamente, movidas
para as trevas exteriores, para zona do anormal, do inaceitável e do proibido.
A elite iluminada se autoconstitui em medida-padrão do normal e do certo, e,
como o dr. Simão Bacamarte no “Alienista” de Machado de Assis, condena o povo
inteiro como louco, fanático e extremista.
Essa deformação semântica monstruosa, violência simbólica em
estado puro, aparece com notável uniformidade tanto no discurso da esquerda em
geral quanto na “grande mídia” da qual essa mesma esquerda, com a hipocrisia de
quem sabe que domina os cargos de chefia em quase todas as redações do país, se
finge de inimiga e vítima indefesa.
O objetivo da operação é, de imediato, mergulhar a população
cristã na “espiral do silêncio”, destituí-la dos meios verbais de autodefesa e,
portanto, debilitar sua identidade ao ponto de dissolvê-la por completo. Já é,
portanto, um genocídio cultural indisfarçado, cínico, criminoso no mais alto
grau, que prepara a oficialização do anticristianismo militante como prática
nacional obrigatória e a realização do sonho de Lênin: “Varrer o cristianismo
da face da Terra”.
Que uma política inspirada na religião cristã possa ter
algum parentesco mesmo longínquo com o nazismo ou com o fascismo é uma crença
indefensável sob todos os aspectos, quando mais não fosse pela obviedade de que
foi precisamente a derrota do nazifascismo que trouxe ao poder, pela primeira
vez na história européia, partidos declaradamente cristãos, a Democracia Cristã
na Alemanha e na Itália. Mutatis mutandis, foram os conservadores católicos e
protestantes que, em toda a Europa, pregaram a resistência a Hitler quando os
comunistas e esquerdistas em geral preferiam a acomodação, então favorável aos
interesses de Moscou, que partilhava com os nazistas o cadáver da Polônia.
A liderança comunista explora despudoradamente a ignorância
histórica de seus militantes quando os induz a crer que são “deextrema direita”
precisamente aquelas opiniões majoritárias que trouxeram a paz, o equilíbrio e
a normalidade democrática ao mundo após o pesadelo da II Guerra Mundial,
enquanto, nas zonas ocupadas pelo comunismo, as instituições repressivas
criadas pelo nazismo eram simplesmente modernizadas e adaptadas às necessidades
de uma ditadura mais astuta e mais eficiente.
Hoje sabe-se, para além de qualquer dúvida razoável, que o
nazismo jamais teria crescido às proporções de uma ameaça mundial se não fosse
pela ajuda soviética, passada por baixo do pano por anos a fio e camuflada sob
um antinazismo de fachada.
Quando os comunistas tentam associar a imagem de seus
inimigos conservadores à lembrança do nazifascismo, não fazem senão repetir o
procedimento-padrão, estabelecido desde os tempos de Lênin, que consiste em
cometer o crime e apagar as pistas rapidamente, lançando as culpas sobre o
primeiro bode expiatório disponível antes que alguém sequer suspeite da
verdadeira autoria.
Nunca houve nem nunca haverá um comunista bem intencionado,
pela simples razão de que o comunismo nega, na base, todo princípio moral e o
substitui por uma nova “ética” em que não há outro Bem Supremo acima dos
interesses da Revolução, nem outra obrigação moral superior à de fazer crescer,
por todos os meios, o poder do Partido.
Todo comunista, sem exceção, é um canalha e um manipulador,
pronto a elevar-se ao estatuto de assassino e genocida tão logo, inchado de
orgulho, seja convocado a isso pelo clero revolucionário. Ninguém jamais se
tornou comunista por amor aos pobres, por idealismo humanitário ou por qualquer
outro motivo elevado. Todos entraram nisso movidos pelo desejo de enobrecer-se
e beatificar-se pela prática do mal transfigurada em virtude partidária. O
comunismo não explora os sentimentos mais altos, e sim o mais baixo de todos,
que é o desejo de inverter o senso moral para que cada um se sinta tanto mais
santo quanto mais se emporcalhe na mendacidade e no crime.
Novo e oportuno exemplo dessa inversão vem agora do sr.
Tarso Genro, que atribui a “grupos pagos de extrema direita” as depredações
ocorridas em várias cidades do Brasil. Esse grotesco arremedo de intelectual e
escritor sabe perfeitamente bem que os atos de violência ocorreram sobretudo
nos primeiros dias, quando havia praticamente só radicais de esquerda nas ruas
– estes sim, pagos pelo sr. George Soros e pelo Foro de São Paulo --, muito
antes de que qualquer cristão, conservador ou patriota fosse “melar”, como
disseram os esquerdistas, o tão bem planejadinho tumulto destinado a forçar um
“upgrade” do processo revolucionário comunista.
É o bom e velho “acuse-os do que você faz, xingue-os do que
você é”, que os comunistas seguem à risca desde há um século. Como sempre, essa
inversão prepara aquilo que eles mais gostam de fazer: perseguir os inocentes,
enviá-los à cadeia, matá-los e depois ainda culpá-los.
Homens que se
entregam a esse exercício não merecem que nenhum cidadão honesto lhes dirija a
palavra, e por isso não é com eles que estou falando. Estou falando ao que
ainda resta de consciência moral entre empresários, juízes, promotores de
Justiça, advogados, políticos e militares. E o que tenho a lhes dizer é simples
e direto: Auditoria no Foro de São Paulo já! Veremos quem são os arruaceiros
pagos.