Qual pequeno empresário dono, por exemplo, de um pequeno
restaurante, tiraria do caixa 2,5 mil dólares para uma passagem na classe
executiva sendo que poderia pagar 1/3 desse valor na classe econômica? Nenhum.
Nenhum porque todo pequeno empresário sabe o valor do dinheiro, sabe os
sacrifícios que precisa fazer para conseguir algum luxo; e viajar de classe
executiva é um luxo acessível apenas aos maiores empresários, artistas ou
políticos.
Afirmo, com toda certeza, que se a Deputada Federal Jandira
Feghali, do PCdoB, vivesse apenas da renda de seu pequeno restaurante, ela não
teria viajado na classe executiva de um voo internacional, conforme flagrado
dias atrás. Se ela vivesse apenas de seu pequeno negócio, ela teria comprado a
passagem mais barata, depois de muita pesquisa. É assim que faz um cidadão
comum quando deseja fazer uma viagem. Mas Jandira Feghali não é uma cidadã
comum. Ela é uma “nobre deputada”, no sentido trágico-literal da expressão.
Jandira só voou de classe executiva porque a passagem foi paga pelo Estado, por
meio dos privilégios que lhe concede por ser uma “representante do povo”.
Todavia, o que deve nos chamar a atenção não é apenas a falta de pudor com o
dinheiro dos outros, mas, também, a evidência de uma grande verdade: Líderes
socialistas odeiam pobre, têm nojo de pobre.
Se o socialismo é o sistema de espoliação legal dos esforços
privados, seus líderes são vagabundos que se utilizam desse sistema para terem
acesso aos luxos que apenas os maiores empresários usufruem − e um dos maiores
luxos que uma pessoa pode se dar é o de ser tratada de modo especial.
Os socialistas se anunciam como os porta-vozes da ética e da
coerência, pessoas avessas aos luxos promovidos pelo sistema capitalista – por
que, segundo os próprios, todo luxo se sustenta sobre a pobreza de alguém – mas
nos basta olhar o cotidiano de todo personagem da esquerda que ocupa uma
cadeira no parlamento ou na direção de órgãos ou em empresas estatais para
comprovarmos o contrário. Todos, assim que têm a oportunidade, chafurdam na
lama capitalista. As caríssimas bolsas da presidente de república, os
tratamentos médicos dos seus “companheiros” nos hospitais privados mais caros
do país, a exigência de Lula de só viajar em avião executivo, o deputado que
paga 450 reais num corte de cabelo, a turma toda que faz questão de se hospedar
nos melhores hotéis e comer nos melhores restaurantes… Todos fazendo jus ao
termo esquerda caviar criado por Rodrigo Constantino – e que ninguém se esqueça
de que todos os atuais líderes socialistas, sem exceção, construíram carreira
incitando o ódio contra aqueles que ostentam o luxo.
O que o luxo socialista representa é o esforço de cada um de
seus agentes em manter uma vida privada distante do pobre, distante daqueles
que os sustentam não apenas com impostos, mas com esperança.
Dilma prefere bolsas caras, de marcas estrangeiras, porque
isso lhe diferencia de suas eleitoras. A guerrilheira também quer se sentir
chique, fina, burguesíssima… Martha Suplicy Style! Lula exige aviões executivos
porque não quer se submeter a filas de embargue ou aos banheiros dos
aeroportos, nem sentar-se ao lado de um cidadão qualquer, principalmente nesses
tempos em que até pobre voa de avião e xinga políticos de ladrão. Jandira
pensou como Lula quando mandou reservar seu voo. Todos eles pensam como Lula.
Todos tentam cotidianamente ter uma ascensão financeira semelhante à de
Lula. Mesmo se o SUS oferecesse um
serviço de melhor qualidade, nenhum líder socialista se submeteria a ele por
uma simples razão: É lá onde estão os pobres! Mesmo os líderes que vieram das
comunidades mais pobres, assim que conquistam um cargo no governo ou no
parlamento mudam radicalmente de critérios não apenas em relação ao tratamento
da saúde, mas também em relação ao conforto e ao paladar. Do churrasco no
sindicato ao Fasano! De uma hora para outra, passam a amar tudo o que
repudiavam: o caro e o exclusivo. Mudam também os critérios sobre renda. Os
mesmos que em seus tempos de rua davam faniquito por causa da baixa renda do
cidadão assalariado, principalmente em relação aos rendimentos dos políticos,
assim que assumem seus cargos passam a achar não apenas normal, mas também
justo os rendimentos de parlamentares e de funcionários do alto escalão do
governo, cujos salários somados a benefícios sempre estão na casa das dezenas
de milhares de reais, vinte, trinta, quarenta, cinquenta vezes superiores ao
salário mínimo estabelecido pelo governo.
Jandira Feghali, por ser uma representante do proletariado,
poderia ter aberto seu restaurante mais próximo do povo, na baixada fluminense,
gerando emprego numa comunidade pobre, oferecendo a esta seus INCRÍVEIS quibes
recheados de boas intenções socialistas, mas preferiu um shopping em
Copacabana, entre burgueses locais e turistas estrangeiros.
Qual cidadão comum, mesmo tendo um bom salário ou que seja
dono de uma pequena empresa, se dá ao luxo de pagar 450 reais num corte de
cabelo? Nenhum, mas um certo político socialista carioca não é um cidadão
qualquer. Já foi. Ele até já tomou uma cerveja com o autor que assina esse
texto! Mas sua vida mudou… Hoje, ele e seus companheiros estão financeira e
legalmente acima da maioria dos brasileiros, precisam de privacidade, precisam
de um atendimento à altura de suas “responsabilidades sociais”, não podem se
submeter a ambientes infestados de pobres. Precisam de tranquilidade para terem
novas ideias de como roubar a sociedade sem que sejam percebidos como ladrões.
Empresários e políticos utilizam-se das massas para
usufruírem do luxo, mas há uma grande diferença entre os dois grupos: o
primeiro assume sua condição de vendedor ou de prestador de serviço visando o
lucro, enquanto o segundo insiste em se dizer um herói altruísta que trabalha
em função dos mais pobres, nunca em benefício próprio. Não por acaso, são esses
pseudo-altruístas que dizem desejar um Brasil com o mesmo padrão de vida da
Suécia, aquele país onde um deputado ganha apenas 50% a mais do que ganha um
professor da rede pública. Será mesmo que os socialistas desejam que o Brasil
se torne uma Suécia tropical? Os socialistas brasileiros poderiam comprovar o
altruísmo ao qual se atribuem distribuindo seus próprios salários entre todos
aqueles que lhes servem, nivelando seus rendimentos aos deles; e preferir,
sempre, frequentar os mesmos ambientes frequentados pela classe trabalhadora,
alimentando-se das mesmas gororobas, hospedando-se em hotéis baratos ou na casa
de seus eleitores, usando roupas e relógios comprados em lojas populares.
A verdade: Perseguir o luxo, desejar ambientes e tratamentos
exclusivos é um direito de cada indivíduo, mas esse direito se torna uma grande
hipocrisia quando não é assumida sua intenção e um crime quando é feito à custa
do dinheiro dos outros.