Todos os governantes, políticos, empresários, juízes,
policiais e burocratas corruptos estão aliviados e serão eternamente gratos aos
black blocs e vândalos em geral, que lhes prestaram o grande serviço de
expulsar das ruas as manifestações populares que exigem mudanças urgentes e têm
neles os seus principais alvos. Por ignorância e estupidez, fazem de graça o
trabalho sujo em favor do que há de pior no Brasil. E ainda se acham
revolucionários…
Em São Paulo, um idiota mascarado dizia na televisão que o
seu objetivo era dar prejuízos a empresas multinacionais do bairro. Se fosse o
repórter, eu lhe perguntaria se ele nunca imaginou que a única consequência de
uma vitrine de banco quebrada é o seguro pagar uma nova. E, se o seguro ficar
mais caro, os bancos repassam o aumento para todos os seus clientes. Mas a anta
encapuzada acha que está combatendo o capitalismo…
Outro bobalhão, no Rio, encurralado por um policial, exibia
o cartaz “não há revolução sem violência”, mas não quer que o Estado
democrático se defenda da revolução dele com todos os meios, inclusive a
violência. As cenas das turbas desembestadas escoiceando vitrines, pulando em
cima de carros, derrubando e incendiando latas de lixo, não evocam a queda da
Bastilha ou as revoltas de maio de 68, mas as imagens grotescas e os grunhidos
do “Planeta dos macacos”.
A violência é humana e pode ser legítima, criminosa,
doentia, perversa, criadora, gratuita, justa ou inevitável, pode até ser o
motor da história, e a sociedade democrática tem que conviver com ela e
encontrar um equilíbrio entre os direitos individuais e coletivos. Mas nunca
foi tão burra como agora no Brasil.
Atuando como tropa de choque dos políticos bandidos, esses
anarquistas de araque não sabem que são apenas fascistas, e usam as liberdades
e garantias da democracia para ameaçá-la, impedindo que a população ocupe as
ruas duramente reconquistadas da ditadura e livrando os verdadeiros inimigos do
povo da pressão popular. Nunca tão poucos, e tão burros, deram tanto prejuízo a
tantos, não a bancos e seguradoras, mas à democracia no Brasil.