Quando os comunistas da internet vociferam contra a mídia
burguesa, é bom saber que a mídia burguesa são eles mesmos atuando em dois
níveis: dominam os grandes jornais e canais de TV desde dentro para usá-los
como veículos de desinformação e ao mesmo tempo descem o porrete neles desde
fora para dar mais credibilidade à desinformação.
Isso é uma regra básica dos manuais de desinformátsiya.
Desinformação só funciona quando a mentira não vem da boca de um inimigo
notório e sim de alguém de confiança da vítima. Se você lê no Vermelho.org, no
blog de Paulo Henrique Amorim ou no Baixamiro Borges alguma grossa denúncia
contra os Estados Unidos, contra a Igreja, contra Israel, contra os militares
ou contra os liberais e conservadores, pode desconfiar que é propaganda
esquerdista. Mas se lê a mesma coisa na
Folha, no Globo ou no Estadão, imagina que é informação idônea, imparcial,
puro jornalismo.
Para que servem então o Vermelho.org, o Paulo Henrique
Amorim, o Baixamiro Borges e similares? Servem precisamente para isso. São a
substância de contraste que dá credibilidade à "grande mídia" quando
esta, num estilo mais comedido, mente igualzinho a eles.
Secundariamente, podem servir também para alimentar de
bobagens estimulantes a militância partidária. Para enganar o público maior,
politicamente indefinido, é preciso veículos com uma fama de
"direitistas", criada exatamente para esse fim.
Se você examinar caso por caso, verá que desde a década de
60 – em pleno regime militar –, os altos cargos da nossa mídia são quase todos
ocupados por militantes ou simpatizantes da esquerda, que ao mesmo tempo, ou em
fases alternadas da sua carreira profissional, publicam semanários
"nanicos" ou, hoje em dia, blogs "alternativos", dando à
plateia ingênua a impressão de que são a arraia miúda em luta contra a poderosa
indústria de comunicações.
Isso é a essência mesma do trabalho de desinformação.
Os leitores em massa ignoram que o próprio modelo do
jornalismo profissional "moderno", de corte americano, foi implantado
no Brasil principalmente por comunistas, que o modularam para que servisse aos
seus próprios fins sem dar muito na vista. Confiram na tese "Preparados,
Leais e Disciplinados: os Jornalistas Comunistas e a Adaptação do Modelo de
Jornalismo Americano no Brasil, de Afonso de Albuquerque e Marco Antonio Roxo
da Silva, da
UFF(http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R1052-1.pdf).
Foi graças a essa operação que, por exemplo, os setenta
milhões de vítimas do comunismo chinês, quarenta milhões do comunismo
soviético, dois milhões do comunismo cambojano e cem mil do comunismo cubano
praticamente desapareceram dos nossos jornais e canais de TV, onde, ao
contrário, sempre houve espaço e tempo de sobra para umas dúzias de
guerrilheiros mortos pelo regime militar. Deformar o senso das proporções é
essencial para dessensibilizar a população ante os crimes dos comunistas e
hipersensibilizá-la para tudo quanto seja nocivo ao comunismo.
Para dar somente um exemplo, basta notar que nunca a
presença maciça de comunistas em postos de destaque nas redações foi denunciada
como sinal de viés ideológico, mesmo quando se tratasse de aparatchniks
treinados em Moscou e Pequim.
Ninguém jamais se queixou de que Otávio Brandão, Nabor
Caires de Brito, Mário Augusto Jacobskind, Mauro Santayana, Cláudio Abramo,
Élio Gaspari, Roberto Múller, João Sant’Anna, Alcelmo Góis, Fernando Morais,
Paulo Moreira Leite e mais uma infinidade – alguns até líderes do PCB, do PC do
B ou de organizações trotsquistas; outros, notórios empregados de governos
comunistas – fossem diretores de jornais ou tivessem colunas de página inteira
à sua disposição.
Basta, entretanto, que algum jornalista sem qualquer vínculo
partidário, apenas não muito simpático pessoalmente à esquerda, assuma um cargo
de editor ou ganhe um espacinho em qualquer jornal, revista ou programa de TV,
e imediatamente chovem protestos de todo lado.
Os casos de Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo são apenas os
mais recentes. Minha estréia em O Globo foi imediatamente respondida por uma
campanha para que minha coluna fosse suprimida.
Milhares de blogs comunistas financiados por ONGs
internacionais pululam na internet sem que ninguém ache estranho, mas basta
aparecer um blog "de direita", mesmo sem qualquer vínculo
organizacional e subsidiado apenas com o parco dinheiro de seus editores, e
imediatamente a coisa é alardeada como um escândalo intolerável, um crime de
lesa-pátria.
O leitor comum não tem a menor ideia de como essas coisas
funcionam, nem das dimensões do poder esquerdista que transforma a mídia
nacional praticamente inteira em órgão de desinformação comunista (sem isso
teria sido impossível esconder por dezesseis anos a existência do Foro de São
Paulo ou continuar escondendo até hoje a denúncia do ex-agente soviético
Ladislav Bittman sobre jornalistas brasileiros pagos pela KGB). E os
profissionais que sabem de tudo não têm, é
claro, o menor interesse em dar o serviço.
Com toda a evidência, os comunistas da nossa mídia acham que a coisa mais normal e natural
do mundo é possuir o monopólio do espaço jornalístico no Brasil – e ainda
choramingar como se fossem uns coitadinhos desprovidos do direito à palavra.
Essa impressão postiça de naturalidade já se alastrou para
todas as classes letradas, infectando o "senso comum" ao ponto de
ninguém mais enxergar o monopólio como tal, e mencioná-lo é
candidatar-se ao rótulo de "teórico da conspiração". A mentira
alcança a perfeição quando impugná-la se torna uma doença mental.