Eles sabem que estão mentindo e, sem qualquer respeito
próprio, repetem a mentira por décadas
Tenho com frequência criticado o governo do PT,
particularmente o que Lula fez, faz e o que afirma, bem como o desempenho da
presidente Dilma, seja como governante, seja agora como candidata à reeleição.
Esclareço que não o faço movido por impulso emocional e,
sim, na medida do possível, a partir de uma avaliação objetiva.
Por isso mesmo, não posso evitar de comentar a maneira como
conduzem a campanha eleitoral à Presidência da República. Se é verdade que os
candidatos petistas nunca se caracterizaram por um comportamento aceitável nas
campanhas eleitorais, tenho de admitir que, na campanha atual, a falta de escrúpulos
ultrapassou os limites.
Lembro-me, como tanta gente lembrará também, da falta de
compromisso com a verdade que tem caracterizado as campanhas eleitorais do PT,
particularmente para a Presidência da República.
Nesse particular, a Petrobras tem sido o trunfo de que o PT
lança mão para apresentar-se como defensor dos interesses nacionais e seus
adversários como traidores desses interesses. Como conseguir que esse truque dê
resultado?
Mentindo, claro, inventando que o candidato adversário tem
por objetivo privatizar a Petrobras. Por exemplo, Fernando Henrique, candidato
em 1994, foi objeto dessa calúnia, sem que nunca tenha dito nada que
justificasse tal acusação.
Em 2006, quem disputou com Lula foi Geraldo Alckmin e a
mesma mentira foi usada contra ele. Na eleição seguinte, quando a candidata era
Dilma Rousseff, essa farsa se repetiu: ela, se eleita, defenderia a Petrobras,
enquanto José Serra, se ganhasse a eleição, acabaria com a empresa.
É realmente inacreditável. Eles sabem que estão mentindo e,
sem qualquer respeito próprio, repetem a mesma mentira. Mas não só os
dirigentes e o candidato sabem que estão caluniando o adversário, muitos
eleitores também o sabem, mas se deixam enganar. Por isso, tendo a crer que a
mentira é uma qualidade inerente ao lulopetismo.
Quando foi introduzido, pelo governo do PSDB, o remédio
genérico - vendido por menos da metade do preço do mercado - o PT espalhou a
mentira de que aquilo não era remédio de verdade. E os eleitores petistas
acreditaram: preferiram pagar o triplo pelo mesmo remédio para seguir fielmente
a mentira petista.
Pois é, na atual campanha, não apenas a mesma falta de
escrúpulo orienta a propaganda de Dilma, como, por incrível que pareça,
conseguem superar a desfaçatez das campanhas anteriores.
Mas essa exacerbação da mentira tem uma explicação: é que,
desta vez, a derrota do lulopetismo é uma possibilidade tangível.
Faltando pouco para o dia da votação, Marina tem menos
rejeição que Dilma e está empatada com ela no segundo turno - e o segundo
turno, ao que tudo indica, é inevitável.
Assim foi que, quando Aécio parecia ameaçar a vitória da
Dilma, era ele quem ia privatizar a Petrobras e acabar com o Bolsa Família.
Agora, como quem a ameaça é Marina, esta passou a ser
acusada da mesma coisa: quer privatizar a Petrobras, abandonar a exploração do
pré-sal e acabar com os programas assistenciais. Logo Marina, que passou fome
na infância.
E não é que o Lula veio para o Rio e aqui montou uma
manifestação em defesa da Petrobras e do pré-sal? Não dá para acreditar: o cara
inventa a mentira e promove uma manifestação contra a mentira que ele mesmo
inventou! Mas desta vez ele exagerou na farsa e a tal manifestação pifou.
Confesso que não sei qual a farsa maior, se essa, do Lula,
ou a de Dilma quando afirmou que, se ela perder a eleição, a corrupção voltará
ao governo. Parece piada, não parece? De mensalão em mensalão os governos
petistas tornaram-se exemplo de corrupção, a tal ponto que altos dirigentes do
partido foram parar na cadeia, condenados por decisão do Supremo Tribunal
Federal.
Agora são os escândalos da Petrobras, saqueada por eles e
por seus sócios na falcatrua: a compra da refinaria de Pasadena por valor
absurdo, a fortuna despendida na refinaria de Pernambuco, as propinas divididas
entre o PT e os partidos aliados, conforme a denúncia feita por Paulo Roberto
Costa, à Justiça do Paraná.
Foi o Lula que declarou que não se deve dizer o que pensa,
mas o que o eleitor quer ouvir. Ou seja, o certo é mentir.