Rico não pode se manifestar. A não ser por escrito. Ou
dentro de casa. Ou em pequenas reuniões com amigos. Sem fazer alarde. Caso
resolva aderir a uma manifestação de massa, saiba que a desqualificará. Seu
lugar não é na rua protestando. Se for visto na rua protestando poderá ser
acusado pelo PT de ser golpista. Certamente o será. Não há nenhum dispositivo
na Constituição que proíba o rico de pensar e de dizer o que pensa, mas ele que
suporte as consequências.
Da mesma forma o branco. Pior ainda se ele for branco e
rico. É fato que a elite branca e rica lucrou uma enormidade com os governos de
Lula e de Dilma. E que os mais ricos e brancos da elite pressionaram Lula para
que ele voltasse a ser candidato no ano passado. Não importa. A eles deve
apenas ser assegurado o direito de apoiar o PT. De preferência sem condições. E
de financiar o PT tirando dinheiro do seu próprio bolso ou desviando recursos
públicos.
Quantos negros e pobres você vê no comando das maiores
empreiteiras envolvidas com a corrupção na Petrobras? Só vê ricos e brancos. E
todos parceiros do PT. Deram mais dinheiro para o PT ganhar as eleições do ano
passado do que para outros partidos.
Bem, se além de rico e de branco o cidadão morar em São
Paulo, aí qualquer margem de tolerância com ele deve ser abolida. Dilma e o PT
perderam feio em São Paulo. O candidato de Lula ao governo colheu ali uma
votação humilhante. O que venha de lá, portanto, não deve ser levado em
consideração. Antigamente foi a saúva. Agora, o paulista rico e branco é a
praga que mais infelicita o Brasil.
Quem sabe o Congresso não aprova alguma lei que desconsidere
o voto de São Paulo na hora de se contar os votos para presidente da República?
O radicalismo da proposta talvez possa ser suavizado com a restrição ao voto
apenas nos bairros povoados por uma maioria branca, rica e golpista.
Burgueses!
Há quanto tempo eu não enchia a boca para chamar de “burgueses”
os adversários das mudanças sociais, que só fazem enriquecer à custa dos
miseráveis.
É verdade que a maior parte dos miseráveis ascendeu
socialmente e compra o que os brancos e ricos lhe oferecem. E que quanto mais
ascenderem e comprarem, mais os brancos e ricos se tornarão mais ricos. Mas
esse é um dilema que a esquerda corporativa, ávida por emprego público e órfã
de ideologia, não sabe ainda como resolver.