Começam a brotar os detalhes daquele que se afigura como um
dos maiores escândalos de corrupção da história brasileira - o assalto à
Petrobrás, que teria movimentado ao menos R$ 10 bilhões. Os mais recentes depoimentos
dos principais personagens desse escabroso esquema, montado para drenar os
recursos da maior empresa estatal do País, revelam a quem foi repassado o
produto do roubo - e, mais uma vez, como tem sido habitual ao longo dos
governos lulopetistas, aparecem fartas digitais do PT.
Fica cada vez mais claro que figuras de proa desse partido -
muitas das quais já foram presas por corrupção - permitiram na última década o
arrombamento dos cofres do Estado por parte de delinquentes, servindo-se desse
dinheiro para financiar seu projeto de poder.
À Justiça Federal no Paraná, Paulo Roberto Costa, ex-diretor
de Refino e Abastecimento da Petrobrás e um dos pivôs do escândalo, confirmou
que uma parte do dinheiro desviado financiou as campanhas do PT, do PMDB e do
PP em 2010.
Contando detalhes que só quem participou da operação poderia
conhecer, Costa revelou que de 2% a 3% dos contratos superfaturados eram
desviados para atender os petistas. Segundo ele, várias diretorias da estatal
eram do PT. “Então, tinha PT na Diretoria de Produção, Gás e Energia e na área
de Serviços. O comentário que pautava a companhia nesses casos era que 3% iam
diretamente para o PT”, relatou o ex-diretor, em depoimento gravado. No caso de
sua diretoria, Costa afirmou que os 3% eram repartidos entre o PP, ele e o
doleiro Alberto Youssef, o outro operador do esquema. Já a Diretoria
Internacional repassava os recursos desviados para o PMDB, segundo disseram
Costa e Youssef.
Costa afirmou que o contato dos diretores envolvidos nos
desvios era feito “diretamente” com João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. O nome
de Vaccari Neto foi confirmado por Youssef, que também prestou depoimento à
Justiça Federal.
Os tentáculos do esquema não se limitavam às diretorias da
Petrobrás. Em 2004, segundo declarou Youssef, os “agentes políticos” envolvidos
no escândalo pressionaram o então presidente Lula a nomear Costa para a
Diretoria de Refino e Abastecimento, ameaçando trancar a pauta do Congresso. “Na
época, o presidente ficou louco e teve de ceder”, disse o doleiro. Esse relato,
se confirmado, revela como a máfia instalada na Petrobrás se sentia à vontade
para manipular até mesmo o presidente da República e o Congresso em favor de
seus interesses criminosos. E essa sem-cerimônia talvez se explique pelo fato
de que membros proeminentes do próprio partido de Lula, a julgar pelos
depoimentos, estavam cobrando pedágio e se beneficiando da roubalheira na
estatal.
Os depoimentos de Costa e de Youssef foram os primeiros
dados à Justiça depois do acordo em que decidiram contar tudo o que sabem em
troca de redução de pena. Se oferecerem informações falsas, perderão
imediatamente o benefício - logo, os dois têm total interesse que sua delação
seja levada a sério.
Além disso, ambos ofereceram atas e documentos que, segundo
eles, comprovariam as reuniões da quadrilha, os esquemas de pagamento e as
transações para lavagem de dinheiro em empresas offshore. As autoridades sabem
que estão lidando com material explosivo. Segundo a defesa de Youssef, ele e
Costa foram apenas operadores do esquema - os verdadeiros líderes “estão fora
desse processo, são agentes políticos”.
Diante da enorme gravidade dos fatos até aqui relatados, e
ante a certeza de que se trata apenas de uma fração de um escândalo muito
maior, seria legítimo esperar que Lula e a presidente Dilma Rousseff viessem a
público para dar explicações convincentes sobre o envolvimento de seus
correligionários nos crimes relatados. No entanto, Dilma preferiu queixar-se do
vazamento dos depoimentos de Costa e de Youssef - como se o mais importante não
fosse o vazamento, pelo ladrão, de dinheiro da Petrobrás. Já a reação de Lula
foi típica daqueles que se consideram moralmente superiores: ele se disse “de
saco cheio” das denúncias de corrupção contra o PT. Pois os brasileiros podem
dizer o mesmo.