Tem gente indignada com a denúncia de espionagem do
Ministério da Justiça na Polícia Federal para prejudicar Marina Silva. Essa
gente não aprende que esse tipo de coisa é normal. Talvez seja preciso o MEC
patrocinar uma megaedição da biografia de Hugo Chávez e distribuí-la
gratuitamente em todo o território nacional, para os brasileiros finalmente
entenderem que o Estado existe para servir aos companheiros. Se bem que, pela
performance da companheira Dilma no primeiro turno, pode-se concluir que boa
parte do eleitorado já aceitou que não há separação de bens entre o PT e a
máquina pública brasileira.
Segundo a denúncia, o secretário nacional de Justiça visitou
na calada da noite, extraoficialmente, em plena campanha eleitoral, o diretor
da Polícia Federal. Queria saber sobre um inquérito contra a gestão de Marina
no Ministério do Meio Ambiente, que corre em segredo de Justiça. Foi uma
missão, segundo a acusação, encomendada pelo ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo. Como se sabe, o ministro Cardozo é um funcionário criterioso. Só
aparece para ações cruciais, como criticar publicamente as penas dadas aos
mensaleiros. É isso que o país espera de um ministro da Justiça.
Também foi Cardozo o pombo-correio de uma denúncia truncada
e adulterada contra os adversários do PT em São Paulo - que o ministro fez
pousar sutilmente na mesa do Ministério Público. Nada mais natural, portanto,
que ele use seu cargo para prospectar armas eleitorais contra Marina Silva. Se
o PT traficou o sigilo fiscal de uma filha do adversário de Dilma na campanha
de 2010 e ficou tudo bem, não haveria por que abandonar a tática agora. Dizem
que o ministro Cardozo é candidato a uma vaga no supremo tribunal Federal.
Considerando o perfil dos despachantes que o PT tem inoculado no STF, Cardozo
faz absolutamente tudo certo para chegar lá.
Nas urnas, o Brasil vem dizer novamente ao bando: vão fundo!
Ninguém terá esquecido a ação de Dilma Rousseff como ministra-chefe da Casa
Civil, denunciada pela então secretária da Receita Federal, por tentar aliviar
na marra o companheiro Sarney. Também é inesquecível a ação de Erenice Guerra,
então braço direito de Dilma na Casa Civil, fuçando os arquivos governamentais
para tentar montar um dossiê contra a ex-primeira-dama Ruth Cardoso. São
incontáveis as ações da "inteligência" do PT, do famoso dossiê falso
dos aloprados na eleição de 2006 à combinação de perguntas e respostas na CPI
da Petrobras, passando pela adulteração de perfis de jornalistas na Wikipédia,
de dentro do Palácio do Planalto. Tudo testado e aprovado pelo eleitor: vão
fundo!
O primeiro turno da eleição presidencial foi basicamente uma
disputa entre os concorrentes para provar quem é mais gay, quem é mais coitado
e quem é mais alérgico aos bancos. Nesse imenso jardim de infância, a
putrefação ao vivo da Petrobras, sob as rédeas de aloprados companheiros, não
fez nem cócegas nas pesquisas eleitorais. O eleitor aprova, portanto, além da
espionagem, a pilhagem.
A menos de uma semana da eleição, a bomba: o governo
registrou, em agosto, o maior déficit nas contas públicas em 14 anos.
Finalmente jogou às favas o compromisso com o superávit primário - um dos
pilares da estabilidade econômica. Um rombo assumido e escancarado, que nem a
contabilidade criativa e maquiagens associadas poderão esconder. Chegou, enfim,
a conta da DisneyLula - essa indústria de favores, boquinhas e bocarras, que
transformou o orçamento público numa megassena partidária.
A inflação rompeu o teto, a recessão chegou, e o valoroso
povo brasileiro, que disse basta e anunciou que quer mudanças, vota
majoritariamente no... PT.
Fora as hipóteses de sadomasoquismo e imersões satânicas,
restam três explicações possíveis para tão impressionante fenômeno: 1) o povo
quer que a capital do Brasil passe a ser Buenos Aires; 2) o eleitorado teme que
Dilma saia da Presidência e nunca mais arranje um emprego; 3) notando o
gigantesco esquema do "petrolão", montado nos 12 anos do governo
petista, o eleitor concluiu que a rede de propinas é a melhor forma de
distribuição das riquezas.
Façam suas apostas,
depois cobrem da elite vermelha (esperem sentados).