A candidata se faz de moderna, mas representa o que há de
mais velho na política brasileira. Os fatos estão aí para comprovar.
Um governo popular gera campanhas sucessórias que lhes
aplaudam, mesmo às vezes as opositoras. E há também o fenômeno inverso: gestões
ruins trazem a tal busca pela mudança, pelo “novo” – a ponto de candidato da
situação dizer que “mudará” tudo. É o que acontece neste ano, diante da gestão
Dilma: ela própria usa o slogan “Muda Mais”.
O contexto, portanto, é fértil para que apareça a manjada
figura com ares míticos alegando representar “o novo”. E, como era previsível,
Marina Silva tenta adotar a personagem. Mas faltou combinar com os fatos de seu
histórico. Vejam só.
Turma da Marina
Não, a turma da candidata não são os jovens de
classe-média-alta-e-ongueira da zona sul do Rio ou da Zona Oeste de SP. Nada
disso. Esses são os que aparecem nas redes sociais para difundir a imagem de
“novidade” aos demais incautos.
A verdadeira “turma da Marina” está no Acre, governado pelos
“sonháticos” da vida prática há 16 anos. Pode-se notar de longe o largo
progresso do glorioso estado nesse tempo todo (especialmente considerando que
tiveram um riquíssimo e poderoso governo federal aliado nos últimos oito anos).
Ah, sim: aliado. Porque a “turma da Marina” não é a dos
ecologistas de chinelinho comendo tofu na Vila Madalena, nem da meninada rica
no barzinho do Leblon discutindo como mudar o mundo. Nada! O grupo da Marina,
no Acre, É DO PT. Isso mesmo: Partido dos Trabalhadores (ao qual ela foi
filiada e do qual foi militante ferrenha por décadas, até a hora em que o PV
ofereceu legenda para concorrer à presidência, em 2010).
E não se trata aqui de uma “turma” no sentido genérico. O
PRÓPRIO MARIDO DE MARINA SILVA OCUPA CARGO NA GESTÃO PETISTA DO ACRE. E não é
qualquer cargo. E mais ainda: não aceitou entregá-lo. Tem muito militante
inocente que não tem a menor ideia disso. Pois vejam aqui.
E, ainda falando sobre o marido de Marina Silva, é
importante ouvir o que tem a dizer Aldo Rebelo (outrora aliado):
Essa é a verdadeira turma da Marina.
Ministra na Época do Mensalão
Ela fala muito em ética, tal e coisa, até porque se trata de
umas das demandas do povo diante da bagunça generalizada dos dias de hoje. Mas
onde estava Marina Silva na época do Mensalão? No PT. E saiu do partido? Não.
Nem largou seu cargo no governo Lula.
A imprensa, no geral, trata a candidata com uma aura de
santidade, como se fosse proibido levantar os pontos realmente complicados
(digamos assim) de sua biografia. Mas os fatos são esses: Marina Silva
manteve-se no PT mesmo depois do estouro do Mensalão.
Houve duas grandes debandadas do partido. A primeira,
protagonizada por Heloísa Helena (acompanhada de Babá e Luciana Genro), ocorreu
na ocasião da Reforma da Previdência, em 2003. A divergência ideológica fez com
que fossem expulsos do partido, depois de um longo processo de hostilidade
entre tal grupo e Zé Dirceu (entre outros). Marina, porém, manteve-se fiel aos
aliados do PT.
A segunda debandada foi em 2005, depois que explodiu o caso
do Mensalão. Saíram do partido figuras como Plínio de Arruda Sampaio, Hélio
Bicudo e Chico Alencar. Mas Marina Silva não entendeu que tal escândalo de
corrupção fosse motivo para que rompesse com o partido.
A candidata somente resolveu sair do PT por interesse
próprio em concorrer à presidência. O que a tirou do partido não foi
divergência ideológica ou contrariedade ao Mensalão. Ela saiu em 2009 porque o
PV deu legenda para concorrer nas eleições do ano seguinte. Ponto.
Os fatos são esses, ué. E acentuados pelo “detalhe” do grupo
de Marina Silva TER PERMANECIDO NO NÚCLEO PETISTA DO ACRE (de cuja gestão nada
menos que o marido da candidata participa e não aceita largar o cargo).
Enfim…
Ela não é o “novo”, não é renovação política nem nada do
tipo. Por trás dessa bobagem “sonhática”, que talvez consiga atrair alguns
desavisados, há a mesma velha política de sempre. E a turma da Marina Silva
também não é formada pela meninada moderna das economias criativas, bicicletas
e afins. Sua “galera” está no governo do Acre há 16 anos.
Quanto à imprensa, a abordagem de Marina beira a
santificação. Tratam como uma figura quase sagrada – mesmo diante desse
histórico, das denúncias, de tudo.
Exemplo de como ela é imune: ninguém na tal “mídia” criticou
– ou mesmo fez qualquer observação – quanto à postura de “viúva” na cerimônia
fúnebre de Eduardo Campos. Se fosse qualquer outro político, isso seria visto
(com razão) como o auge do oportunismo.
Tentam fazer parecer que ela é diferente, mas é igual aos
demais. Marina Silva, sob todos os aspectos e diante de todos os fatos,
representa a mais velha e lamentável política.
Passada a comoção, será difícil fugir dos fatos.